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Teatro Vanguardista espanhola estreia no Brasil "O Casal Palavrakis", da autora, performer e diretora Angélica Liddell, ganha montagem inédita em São Paulo "A natureza do teatro é a provocação; o encontro entre obra e público deve ser conflituoso", diz Liddell GABRIELA MELLÃOCOLABORAÇÃO PARA A FOLHA Até 2010, Angélica Liddell era considerada uma referência do teatro espanhol de vanguarda. Mas, a partir dessa data, quando a autora, performer e diretora de 46 anos apresentou-se pela primeira vez no Festival de Avignon, passou a ser considerada uma força do teatro mundial. No Brasil, sua arte ao mesmo tempo estranha e provocadora é pouco conhecida. O Teatro Kaus estreia hoje "O Casal Palavrakis", a primeira montagem nacional baseada em um texto seu, sob direção de Reginaldo Nascimento. "Ser vanguardista não é um de meus objetivos; isso é o que os outros dizem. Meu objetivo é solucionar minha angústia e uma certa necessidade de expressão", afirma Liddell à Folha. Nas performances, costuma compartilhar sofrimento e dor com a plateia. Ela já chegou a se cortar em cena. "A natureza do teatro é a provocação. O encontro entre obra e público deve ser conflituoso. Sem conflito não há conhecimento." Para Nascimento, o trabalho de Liddell não deixa espaço para respiração. "É muita verdade jogada no espelho voltando para nossas próprias caras. Sua obra é crua e fala sobre as relações humanas sem qualquer vestígio de maquiagem", afirma ele. "O Casal Palavrakis" expõe de forma fragmentada a vida turbulenta de um casal suspeito de matar a própria filha. Liddell define o texto como um conto de fadas perverso. "A inspiração foi um crime famoso nos EUA e que ficou sem resolução, o assassinato de uma criança que disputava concursos de beleza. Suspeita-se que ela foi torturada e assassinada pelos pais." "O Casal Palavrakis" conforma, com as peças "Once Upon a Time in West Asphixia" e "Hysterica Passio", o "Tríptico da Aflição", que a companhia de Nascimento planeja montar na íntegra. "Hysterica Passio" já está sendo traduzida para o português pelo dramaturgo Aimar Labaki e deve estrear no ano que vem. "As três obras falam sobre o massacre da infância. Tentam discutir a tirania de sangue, o amor obrigatório que gera abuso, terror, tensão", define Liddell, que mistura no palco dores pessoais e do mundo ao seu redor. "Trato do que conheço. Sinto uma profunda inclinação para falar sobre a lama na qual estamos presos", diz.
O CASAL PALAVRAKIS
Leia íntegra da entrevista com Angélica Liddell |
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