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Peça fundamental Grupo fundado pelo alemão Bertolt Brecht em 1949 apresenta 'Mãe Coragem' no festival de Porto Alegre COLABORAÇÃO PARA A FOLHA O Berliner Ensemble, grupo de teatro fundado pelo dramaturgo alemão Bertolt Brecht (1898-1956), nasceu em 1949 com a encenação de "Mãe Coragem e seus Filhos". Com a montagem, o grupo inaugurou a difusão de seu teatro épico e, com ele, criou uma nova maneira de conduzir a plateia à reflexão crítica. O Berliner Ensemble revê suas origens ao reencenar "Mãe Coragem...", sob a batuta de Claus Peymann, diretor do coletivo desde 1997. O espetáculo é destaque da 19ª edição do Porto Alegre em Cena, festival internacional de artes cênicas que começa hoje e se estende até dia 24/9. Luciano Alabarse, coordenador do evento, considera a peça de Peymann um dos pontos altos do festival, cuja programação reúne artistas como Bob Wilson, Ariane Mnouchkine e Peter Brook. O Berliner Ensemble representa a cristalização histórica e teatral das experiências acumuladas por Brecht. As teorias deste dramaturgo, encenador e pensador alemão alimentam o teatro do Brasil desde a fundação do Teatro Arena, no final dos anos 1950, e continuam influenciando grupos politizados, como a Cia. do Latão. A vinda do Berliner é, assim, uma oportunidade rara para brasileiros refletirem sobre a herança do alemão na arte contemporânea -a única vez em que o grupo esteve aqui foi em 1997, com a peça "A Resistível Ascensão de Arturo Ui". INSTITUIÇÃO MORAL De maneira geral, o atual diretor do grupo mostra-se sintonizado com os ideais brechtianos. "Vejo o teatro como uma instituição moral que contribui para um mundo mais justo e nunca apoia o Estado, crença que se confunde com a de Brecht", explicou Paymenn à Folha. Sua encenação de "Mãe Coragem..." critica a violência do mundo de hoje mantendo-se fiel ao texto original. A história sobre a vendedora ambulante Ana F., que perde propriedade, filhos e amor na guerra, surge intacta em cena. "Trata-se de uma peça tão atual que poderia ter sido escrita agora", justifica. Ele permite somente algumas modificações imagéticas, como o palco em formato circular, evocando as tragédias gregas, e torres de luz, que representam, segundo revela, "torres de vigília de campos militares". Em novembro, o Berliner mostra em São Paulo uma faceta menos tradicionalista, dando provas de flexibilização em relação às doutrinas de seu fundador. É que o grupo vai apresentar duas montagens dirigidas por Bob Wilson, encenador norte-americano habituado a desconstruir clássicos. Em "A Ópera dos Três Vinténs", ele revisita Brecht sem qualquer reverência. Faz o mesmo com o autor alemão Frank Wedekind (1864-1918) em "Lulu". "Redescubro clássicos pensando nas gerações futuras. Vejo meu trabalho como um desdobramento de conhecimento", diz Wilson. Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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