Texto Anterior
|
Próximo Texto
| Índice | Comunicar Erros
Busca por realismo marca Festival de Brasília Em edição sem grandes favoritos, filmes inéditos apostaram em tom mais naturalista RODRIGO SALEMENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA A curadoria do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro chegou com boa intenção: só apresentar filmes inéditos em sua competição oficial. Mas o risco provou ser grande demais. A 45ª edição do evento chega ao fim sem nenhum destaque com força para roubar os holofotes. A mostra competitiva de longas de ficção, a mais prestigiada, foi marcada por uma busca pelo naturalismo, capitaneada pelo drama "Era uma Vez Eu, Verônica", de Marcelo Gomes (de "Cinema, Aspirinas e Urubus"). Mas nem o pernambucano conseguiu sair da sexta-feira passada com ares de vencedor. Hermila Guedes, no entanto, é franca favorita para o prêmio de melhor atriz por sua entrega à personagem Verônica, uma médica em crise existencial e profissional. Na mesma noite, Gabriel Mascaro, com o documentário "Doméstica", colocou câmeras nas mãos de vários adolescentes que deveriam filmar suas empregadas. O filme paga por sua ousadia e torna-se instável em suas sete histórias. Porém, uma delas é um soco no estômago: um empregada confessa, de forma inesperada, como não viu os últimos dias do filho, assassinado, porque estava cuidando da avó da adolescente. No sábado, o realismo dos cineastas tomou forma no palco do Teatro Nacional Claudio Santoro com o discurso de estudantes, índios e mascarados contra a diminuição da comunidade indígena Santuário dos Pajés, cobiçada por ficar em uma das áreas mais valorizadas de Brasília. Na sequência, o protesto surgiu como tema do curta "A Ditadura da Especulação", de Zé Furtado, que traz uma espécie de remix de notícias, imagens de celulares e flagrantes. Foi aplaudido de pé -possivelmente pela ideologia da plateia. Toda a ação acabou atrasando o início do longa documental sobre Ney Matogrosso, "Olho Nu", de Joel Pizzini, que criou um retrato bastante reverente e pouco esclarecedor do cantor. No fim da noite, "Noite de Reis", de Vinícius Reis, entregou performances surpreendentes de Bianca Byington e Enrique Diaz, mas falhou onde não podia: o drama sobre uma família enfrentando a perda de uma criança tem sentimentos incompletos. "Eles Voltam", de Marcello Lordello, e "A Memória Que Me Contam", de Lucia Murat, são outros longas que podem levar o troféu Candango. O jornalista RODRIGO SALEM viajou a convite da organização do festival. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |