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Análise Loira, Hebe se firmou como uma apresentadora maliciosa ESTHER HAMBURGERESPECIAL PARA A FOLHA A trajetória de Hebe Camargo se confunde com a história da TV no Brasil. Apresentadora popular e polêmica, com incursões na política conservadora -chegou a apoiar Paulo Maluf-, Hebe fez sua carreira em emissoras paulistanas. A "moreninha do samba" chegou à TV em 1950. Experimentou ser atriz, mas se firmou como apresentadora sensual e maliciosa de programas em torno de sua persona, com seu nome no título. Com passagens pela TV Paulista, Continental do Rio, Record, Tupi, Rede TV! e SBT, Hebe se especializou em entrevistar celebridades. Foi nessa função que, nos anos 1950, tingiu os cabelos. Nos anos 1960, quando as novelas ainda não dominavam o horári nobre, seu "Programa da Hebe", na Record, era líder de audiência. Loira, Hebe se associou a figuras como Marylin Monroe e Brigitte Bardot. Como elas, Hebe encarnou o estereótipo da loira. São personagens populares na primeira metade do século passado, antes que os movimentos dos anos 1960 embaralhassem os limites entre as formas populares e as eruditas. Ao tingirem seus cabelos, Marylin e Bardot se aproximaram do biotipo médio em seus países. Sintetizaram o polo feminino, popular, emocional, sensual e traiçoeiro, que se opõe, mas também alavanca, um polo masculino, racional e erudito. Hebe recebeu com desenvoltura e fantasia uma lista eclética de convidados. Personalidades da política e das artes compareciam a seu programa e sentavam no sofá que era palco da performance da apresentadora. Com um sorriso que enquadrava interlocutores, Hebe resistiu mais tempo que figuras populares como Flávio Cavalcanti e Chacrinha. Ela se vai em tempos em que o Brasil celebra a sociedade do consumo que ela, em sintonia com a TV, ajudou a construir. A menina do interior morre poderosa. Seu velório no Palácio dos Bandeirantes é emblemático das relações perniciosas entre a política e a TV. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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