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Modos de ontem moda de hoje

Mostras em museu e galeria de Paris destacam relação entre moda e arte

Jacques Brinon /Associated Press
Modelo da Dior
Modelo da Dior

VIVIAN WHITEMAN
ENVIADA ESPECIAL A PARIS

A França exportou para o mundo bem-sucedidos modelos de dois grandes sistemas culturais: o dos museus e o das passarelas.

Nesta semana, a da fashion week parisiense, o Museu D'Orsay, uma das grandes instituições da arte na cidade (www.musee-orsay.fr), inaugurou uma mostra sobre a relação dos pintores impressionistas com as roupas.

Intitulado "O Impressionismo e a Moda", o evento vai até 20/01 e tem entre seus patrocinadores o grupo LVMH, dono de grifes como a Dior.

A marca organizou anteontem uma visita guiada ao museu. E as fashionistas "impressionadas" tomaram conta do espaço com seus saltos altíssimos e looks ousados.

O recorte temporal das obras vai de 1860 a 1880. Logo à entrada, o visitante fica sabendo que, naquele momento, no século 19, eram inauguradas as primeiras lojas de departamentos da história. E vestir-se nessas lojas era símbolo de status, bem como frequentar museus.

Estão expostas também algumas das primeiras revistas do assunto, com destaque para a "A Última Moda", em que o poeta Mallarmé (1842-1898), sob pseudônimos como Madame de Ponty e Miss Satin, discutia a relação da moda com posição social e desejo.

Ao lado, obras de Renoir (1841-1919) e Edouard Manet (1832-1883) mostram mulheres folheando essas publicações. Suas obras dominam a curadoria, tanto em número como pela força das imagens.

O surgimento do fenômeno fashion não escapou ao olhar atento dos impressionistas para o cotidiano.

Tem posição de destaque o grande retrato da Madame Bartholomé, pintado pelo marido, Paul-Albert Bartholomé. Exposto ao lado, o vestido dela parece menos maravilhoso do que o do quadro -este sim capaz de mostrar como a luz do ambiente e o corpo de uma mulher dão vida ao desenho da costura.

A cenografia de alguns ambientes do D'Orsay imita salas de desfile, com cadeiras vazias marcadas com nomes como Miss Satin, Arthur Rimbaud e Charles Worth, o grande costureiro do período.

A última sala reproduz um campo com pássaros, de onde brotam vestidos e telas como "Réunion de Famille", de Frédéric Bazille (1841-1870), em que senhoras posam alinhadas em meio ao verde.

Em arquitetura bem mais clean, na galeria Gagosian de Paris, a fotógrafa Cindy Sherman inaugurou, com festa estrelada, sua pequena mas preciosa mostra, que fica em cartaz somente até 10/10 (www.gagosian.com).

São autorretratos em que surge com roupas de alta-costura diante de cenários naturais inóspitos. Contrariando certo romantismo, coloca a mulher e suas roupas de um lado, e a natureza, de outro.

Olhando as imagens, difícil dizer qual das duas parece mais perigosa.

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