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Crítica novela "Guerra dos Sexos" quer somente divertir Remake da Globo inverte a relação de poder entre homens e mulheres, mas traz cenas idênticas ao original Na nova versão, o "girl power" orquestra a trama, com os homens tentando retomar o seu lugar ao sol KEILA JIMENEZCOLUNISTA DA FOLHA Homem só serve para trocar pneu? E mulher? Só pilota fogão? As tiradas são tão batidas quanto a rivalidade na relação mais antiga da humanidade. Inovar nesse mar de obviedades é missão difícil. É por isso que "Guerra dos Sexos", que estreou anteontem, na Globo, não tem pretensões antropológicas nem quer descobrir a pólvora nesse eterno embate entre homens e mulheres. Repleta de referências aos anos 1980 -da trilha sonora à conversa direta dos personagens com as câmeras- o remake do folhetim de Silvio de Abreu espera somente divertir. Mas atualizar a piada é uma árdua batalha. Em sua trincheira, a novela traz cenas "ipsis litteris" a sua versão original, permeada por imagens de uma São Paulo espelhada nas janelas dos grandes prédios comerciais da zona sul. O novo shopping, o JK, está lá, assim como os revisitados vitrais da faculdade Faap. Apesar da clara homenagem à novela original, a abertura remete à antecessora no horário, "Cheias de Charme", repetindo o recurso da animação -sucesso entre as crianças. O pastelão impera, mas os protagonistas da vez têm outro tom. Aí estão os dois tanques de guerra do autor. A Charlô de Irene Ravache está mais perua histérica do que a vivida por Fernanda Montenegro. O Bimbo de Tony Ramos é menos pomposo do que o de Paulo Autran. Ricos, mas com um pezinho na classe C. A dupla tem liga, assim como Edson Celulari (Felipe) e Glória Pires (Roberta), que protagonizaram a cena mais engraçada da estreia: uma briga de portas de carro. O Felipe da vez promete honrar as risadas arrancadas por Tarcísio Meira na primeira versão, de 1983. Reynaldo Gianecchini surge com uma pegada de Pascoal, o mecânico bronco que ele viveu em "Belíssima" (2005), de Silvio de Abreu. Os efeitos especiais acertam com os quadros mal-assombrados de Bimbo (Paulo Autran) e Charlô (Fernanda Montenegro), mas são alegóricos na entrada da rede de lojas Charlô's. Na nova versão, o "girl power" orquestra a trama, com os homens tentando retomar o seu lugar ao sol. A guerra é ultrapassada, mas Silvio de Abreu e Jorge Fernando sabem como rasgar uma comédia para acertar a audiência. Na estreia, "Guerra dos Sexos" marcou 27 pontos de audiência, oito pontos abaixo da do que sua antecessora, "Cheias de Charme". Cada ponto equivale a 60 mil domicílios na Grande SP.
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