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Crítica Documentário Filme sobre Oiticica é manifesto contra arte politicamente correta FABIO CYPRIANOCRÍTICO DA FOLHA Hélio Oiticica (1937-1980) tornou-se a grande referência da arte brasileira nos últimos anos, posição consolidada numa pesquisa que o aponta como o artista com mais mostras, no país, na primeira década do século 21. "Hélio Oiticica", que é exibido hoje na Mostra de SP, após ter recebido o prêmio de melhor documentário no Festival do Rio, apresenta uma faceta mais biográfica de sua história, mas essencial para a compreensão de sua obra. Realizado por seu sobrinho César Oiticica Filho, o filme com edição nervosa é uma colagem de sequências de outros filmes e imagens de arquivo, muitos já conhecidos, como "H.O.", de Ivan Cardoso, outros inéditos. A narração é do próprio artista, por conta de fitas K7 que Oiticica gravou narrando sua vida, os chamados "Heliotapes". "Estou na rua há muito tempo", diz Oiticica após contar que foi lá o início de sua vida sexual e do interesse pelo ambiente urbano carioca, seja no Carnaval da Mangueira, seja do consumo de drogas, de cocaína a inseticida. Contudo, não se trata de apologia, mas de estratégia. O documentário deixa claro como Oiticica é coerente ao abandonar as paredes do museu, onde deixou obras icônicas como os "Metaesquemas", para criar propostas que buscavam mimetizar a vitalidade das ruas, que o seduziam desde jovem. Verborrágico, Oiticica crítica até Oswald de Andrade e a antropofagia, quando o autor era enaltecido pelos tropicalistas. Radical, ele se deixa filmar cheirando cocaína ou enterrando o nariz na bunda de um negro. "Hélio Oiticica" é um manifesto contra o momento politicamente correto da arte no Brasil. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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