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Música CRÍTICA MPB Discos captam evolução de Wanderléa Em coletânea de álbuns lançados nos anos 1970, musa da jovem guarda vai além da 'ternura' RENATO KRAMERCOLUNISTA DO “F5” O selo "Discobertas" está lançando, sob a idealização e direção executiva de Marcelo Fróes, uma caixa com seis CDs da cantora Wanderléa. A artista, que completa neste ano cinco décadas de carreira, tornou-se o que se pode chamar de primeira "pop star" brasileira em 1965 -quando começou a apresentar o programa "Jovem Guarda", na TV Record, ao lado de Roberto e Erasmo Carlos. Foi quando o Brasil passou a conhecê-la como Ternurinha -apelido carinhoso que recebeu de Roberto pela música que até hoje é obrigada a cantar em suas apresentações: "Ternura" ("Somehow It Got to Be Tomorrow/Today", de Lewitt-Karen, na versão de Rossini Pinto, do álbum "É Tempo do Amor", de 1965). Wanderléa reinou absoluta como musa da jovem guarda até o final dos anos 1960. Ainda nos dias de hoje é festejada merecidamente como a rainha do movimento. Mas Ternurinha amadureceu. E é aqui que tem início esse lançamento. Traz a obra realizada na transição e no pós-jovem guarda da cantora, que ficou um pouco na sombra da explosão do seu próprio sucesso. São seis discos primorosos. O primeiro contém pérolas recolhidas de trabalhos do final dos anos 1960, início dos anos 1970. As belas baladas românticas "Nunca Mais Vou Repetir que Te Amo" e "Você Vai Ser o Meu Escândalo" estão presentes, bem no estilo Ternurinha de ser. Já "A Charanga", música com a qual a cantora participou do 5º Festival Internacional da Canção Popular, "Chuva, Suor e Cerveja", "Pula, Pula", "Krioula" e "Mané João" mostram claramente a sua transição para o pós-jovem guarda. O segundo CD traz na íntegra o álbum de 1972, cujo nome faz jus à obra e à cantora: "Wandeléa Maravilhosa". Neste, além da deliciosa "Mata-me Depressa", Wanderléa canta de Assis Valente -passando por Roberto Menescal e Paulinho Tapajós- a Gilberto Gil e Jorge Mautner, em sua indefectível interpretação de "Quero Ser Locomotiva". ALÉM DA TERNURA E a doce e meiga Ternurinha vai mostrando aos poucos a leoa que mora dentro de si. Carismática e ousada, ressurge em 1975 com um trabalho gravado ao vivo: "Wanderléa Feito Gente" -também título da canção composta por Walter Franco para ela. É o que traz o terceiro CD. O quarto ("Wanderléa: Vamos que Eu Já Vou", de 1977) e o quinto ("Wanderléa: Mais que a Paixão", de 1978) trazem um repertório seletíssimo. O primeiro tem a presença marcante do talentoso Egberto Gismonti -nos arranjos e nas composições. O outro, além do próprio Gismonti, que assina em parceria com João Carlos Pádua a canção que deu título ao álbum ("Mais Que A Paixão"), Wanderléa canta Luiz Melodia, Fátima Guedes, Djavan e Gonzaga Jr., entre outros. O sexto e último disco retoma um rápido "medley" da jovem guarda, com "Se Você Pensa", "Vem Quente que Eu Estou Fervendo", o hit máximo "Pare o Casamento" e "Prova de Fogo". Há ainda uma envolvente balada, "Na Hora da Raiva", e a excelente interpretação de uma canção de Rita Lee: "Menino Bonito". Este último disco traz também "Eu Apenas Queria Que Você Soubesse", uma canção especial. Consta que Gonzaguinha também a compôs para ela. E a letra diz muito de Wanderléa: "Eu apenas queria que você soubesse/ Que aquela alegria ainda está comigo/ E que a minha ternura não ficou na estrada". A ternura de Wanderléa encantou o Brasil nos anos 1960, mas a cantora cresceu, evoluiu e se aprimorou como mulher e como artista. O box "Wanderléa Anos 70" registra a riqueza do repertório musical da cantora, muito além da ternura. Coisa de rainha.
WANDERLÉA - ANOS 70 |
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