Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria
Nova geração argentina chega a teatros de SP em três montagens
Autores se dedicam a linguagens experimentais e preferem tratar de temas contemporâneos
Os efeitos das redes sociais na vida dos personagens estão no enredo de peças vindas de Buenos Aires
O cenário portenho de teatro está mais próximo de São Paulo esta semana com a estreia de três espetáculos com textos argentinos.
São trabalhos escritos por autores de uma nova geração e que exemplificam uma produção dedicada a linguagens experimentais e temas contemporâneos.
O mundo das redes sociais e da internet, por exemplo, é ponto chave na história de duas dessas montagens.
"Feizbuk", de José Maria Muscari, 36, debate efeitos da rede social Facebook na vida dos jovens. Sua primeira montagem em Buenos Aires, em 2010, chamou a atenção da companhia Arthur-Arnaldo pelo sucesso de bilheteria.
O espetáculo é interativo. Durante a peça -que entra em cartaz no Espaço dos Parlapatões, na praça Roosevelt-, os intérpretes acessam e comentam em cena perfis de pessoas que estão presentes na plateia.
Em "Ato de Comunhão", a internet não é exatamente o foco, mas determina o encontro entre um canibal e um homem que topa ser devorado.
O monólogo, que tem direção de Gilberto Gawronski e de Warley Goulart, é baseado na história real de Armin Meiwes, um alemão que encontrou sua "vítima voluntária" em sites de relacionamento pela internet.
O crime, que rendeu prisão perpétua ao canibal (interpretado por Gawronski), foi amplamente divulgado pela mídia em 2002.
"Acho que as notícias são uma espécie de prosa contínua e de qualidade duvidosa sobre o mundo", diz Lautaro Vilo, 35, autor do texto, todo escrito em versos.
"Luísa se Choca contra Sua Casa", que estreia no Sesc Consolação, resulta de uma parceria entre artistas portenhos e brasileiros.
Após assistir à peça em Buenos Aires, a atriz Andrea Dupré interessou-se pela história e convidou o dramaturgo e diretor Ariel Farace, 30, para montá-la no Brasil.
O cenário é composto por uma casa desmontável, feita de papelão, metáfora para a instabilidade emocional da personagem-título, que perdeu seu companheiro em um acidente de moto.
Na montagem, ele decide trabalhar as superposições de linguagens com pesos equivalentes. "A música, a cinética, as falas e a iluminação têm a mesma importância, nenhuma se sobrepõe à outra", afirma Farace.