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Crítica Música Clássica
Vanguarda e música antiga convergem em lançamentos
SIDNEY MOLINA CRÍTICO DA FOLHAComo já defendeu o musicólogo norte-americano Richard Taruskin, o experimentalismo radical e a fidelidade no resgate histórico podem coexistir na música.
Mas esse não é o único elo entre o CD "Espelho D'Água", da Camerata Aberta, de música contemporânea, e o álbum da Orquestra Barroca do 23º Festival de Música Colonial Brasileira e Música Antiga de Juiz de Fora.
"Espelho D'Água" é o primeiro disco da Camerata Aberta, grupo de música contemporânea da EMESP-Tom Jobim, aqui regido pelo francês Guillaume Bourgogne. Além do italiano Franco Donatoni (1927-2000), o disco traz obras de seis compositores vivos (quatro brasileiros).
A recorrência a "paisagens" e "águas" unifica o trabalho, marcado pela excelência dos intérpretes. Mas nem todas as peças longas soam tão amarradas quanto "Diastema", do alemão Oliver Schneller.
Chamam atenção "Araés", tríptico de Roberto Victorio, e o quinteto "Window into the Pond", de Silvio Ferraz, as mais breves e maduras composições ao lado de "Spiri", de Donatoni.
Dirigida pelo violinista Luís Otávio Santos, o 13º CD da Orquestra Barroca é o primeiro após a incorporação do festival pela Universidade Federal de Juiz de Fora. São obras dos alemães Teleman (1681-1767), Bach (1685-1750) e Graun (1703-1771), ao lado de "Tercio", do mineiro Lobo de Mesquita (1746?-1805).
Se a suíte de Teleman foi apelidada de "aquática", a de Graun bem que poderia ser chamada de "paisagística". Entre ambas, o "Concerto para Violino", de Bach, é interpretado por Luís Otávio com rigor histórico e foco na "técnica estendida" bachiana.
Nesse sentido, a simplicidade rústica de Lobo de Mesquita parece integrada ao espelho d'água concebido por Silvio Ferraz, como se estivesse a câmara aberta para o contemporâneo.
CAMERATA ABERTA: "ESPELHO D'ÁGUA"
GRAVADORA Sesc
QUANTO R$ 25
AVALIAÇÃO bom
ORQUESTRA BARROCA DO 23º FESTIVAL DE MÚSICA COLONIAL BRASILEIRA E MÚSICA ANTIGA
GRAVADORA independente
QUANTO R$ 40
AVALIAÇÃO bom