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Diário do Rio

O MAPA DA CULTURA

Temporada do desenho

E as caronas para Zeca Pagodinho

ALVARO COSTA E SILVA

Setembro, por estas bandas, é a temporada do risco. No dia 20, começa no Centro Cultural da Justiça, na Cinelândia, a exposição "6B: Desenho Contemporâneo Brasileiro", com 50 artistas, entre os quais Manfredo de Souzanetto, Hilton Berredo, Teresa Salgado, Daniel Senise, Yara Pina, Francisco Faria e Roberto Magalhães.

É o desenho em suas amplas expressões: papel, madeira, tela e outros suportes, com materiais como grafite, carvão, airbrush, fotografia, fios de variadas naturezas e técnicas digitais.

"A dificuldade em definir o desenho já é reveladora de sua variedade expressiva e capacidade de transformação", diz o curador, Mauro Trindade. "Tradicionalmente, ele inclui técnicas secas, enquanto a pintura usa processos de tinta líquida, fronteiras perturbadas desde sempre pelo pastel, o nanquim, a aguada e o híbrido desenho aquarelado. Com novos materiais, a definição torna-se ainda mais incerta. E sugestiva."

Roberto Magalhães, além de figurar "6B", ganha no dia 13 retrospectiva individual no Paço Imperial com trabalhos de seus 50 anos de carreira. O autor da tela "Gritando" -um rosto com a boca escancarada- é prova das múltiplas maneiras que o homem descobre para se comunicar. Ele mesmo quase não fala; é um buda do silêncio que, no entanto, grita.

MÚSICA E COMIDA

O jovem Casarão Ameno Resedá traz no nome uma homenagem àquele que é considerado o maior rancho do carnaval carioca, badalado por Catulo da Paixão Cearense, Pixinguinha, Coelho Neto, e recebido com pompas pelo presidente Hermes da Fonseca no Palácio do Catete, em 1911.

A casa, sofisticada, -de música e gastronomia- fica na rua Bento Lisboa, a poucos passos da antiga sede do governo, e foi criada pelo economista Carlos Lessa para levantar a região, até recentemente depauperada. Amanhã, apresenta-se por lá a cantora Áurea Martins; e, na quinta, a banda Pixinguinha em Jazz, com participação do flautista Carlos Malta.

No segundo andar funciona a filial do restaurante Sobrenatural, sob o comando de Sérvula Amado.

Peça o escondidinho de bacalhau e, entre uma garfada e outra, pergunte a Sérvula sobre as caronas que ela dava para Zeca Pagodinho na sua moto DT 180.

DÁ-LHE, IRIGOYEN

"Páginas sem Glória", novo livro de Sérgio Sant'Anna, está quase chegando às livrarias. Reúne dois contos largos e a novela-título, cuja ação gira em torno do futebol e do turfe, dois esportes pouco abordados na literatura brasileira.

O futebol até que teve mais atenção, e o próprio Sérgio lhe dedicou dois excelentes contos, "No Último Minuto" e "Na Boca do Túnel".

Poetas escreveram sobre o hipódromo da Gávea -que agora ressurge como cenário ficcional-, que, desde o início dos anos 90, entrou numa adorável decadência. Manuel Bandeira anotou: "Os cavalinhos correndo/ E nós, os cavalões, comendo". Tite de Lemos fez extenso poema, "Corcovado Park", tão belo quanto desconhecido, no qual descreve uma única corrida, com auxílio de desenhos.

Sérgio Sant'Anna evoca o tempo de craques como Tirolesa, Escorial, Itajara, Emerald Hill, todos pules de dez, que o autor, ainda adolescente, conheceu quando passou a frequentar o prado, animado com a sorte de principiante que lhe fez acertar uma dupla 13.

Mais que cavalos e éguas, ele se encantou com a maestria e elegância do chileno Francisco (Pancho) Irigoyen, bridão que sabia dosar as energias do animal para só exigir dele na reta de chegada, até dominar o páreo em cima do disco.

"É um personagem de história mirabolante, assim como todo o ambiente turfístico. A quem não conhece, recomendo uma visita. E uma fezinha nas patas dos cavalinhos", diz Sérgio.

TOCA PRO DIVINO!

Taxistas da cidade têm recebido -não de turistas, diga-se- pedidos de corridas para o Divino, subúrbio onde habitam Carminha, Max, Nina e demais personagens de "Avenida Brasil". João Emanuel Carneiro, o autor da novela, inspirou-se na real Madureira, terra que abriga o clube de futebol de mesmo nome e as escolas de samba Portela e Império Serrano.

Mas não só. Se você quiser ir além da ficção, este diarista sugere uma passadinha no bloco afro Agbara Dudu e no Jongo da Serrinha; na rua Almerinda Freitas, palco, nas noites de quarta, de concorridas festas da comunidade LGBT; no basquete de rua embaixo do Viaduto Negrão de Lima; no Boteco do Zé; no Mercadão, que tem de tudo em suas cerca de 650 lojas. Com sorte, esbarra-se no Tufão.

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