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Raio-X Imobiliário
Em renovação, Lapa tem oferta escassa
ANA MAGALHÃES COLABORAÇÃO PARA A FOLHASe você quiser comprar um apartamento novo na Lapa, terá que ficar antenado. Os lançamentos nesse tradicional distrito da zona oeste costumam não ser frequentes, e as unidades são vendidas rapidamente.
De acordo com a empresa de pesquisas Geoimovel, das 3.873 unidades residenciais lançadas desde janeiro de 2007 (distribuídas em 38 empreendimentos), há hoje apenas 135 à venda.
Um estudo feito pela incorporadora Esser mostra que a Lapa tem menos lançamentos à venda do que o cobiçado vizinho Perdizes. No ano passado, por exemplo, dos 1.031 apartamentos lançados na Lapa, 96% foram vendidos -já em Perdizes, esse percentual foi de 64%.
Para Nick Dagan, diretor de incorporações da Esser, a combinação de preço e localização explica o sucesso dos empreendimentos na região.
"O diferencial da Lapa, na comparação com Perdizes, é o preço do metro quadrado."
O preço médio do metro quadrado no distrito é de R$ 7.666, ainda inferior ao de Perdizes (R$ 8.895) e ao de Pinheiros (R$ 12.613), segundo a Geoimovel.
TRANSFORMAÇÃO
Desde 2007, o aumento de preços na Lapa foi de 138%, percentual superior à alta de São Paulo, de 113%.
Conforme a empresa de pesquisa, cinco novas torres residenciais deverão ser lançadas em breve.
"Há alguns anos, a Lapa estava fora da cidade e é curioso ver como hoje ela foi incorporada a São Paulo", diz João D'Ávila, diretor-técnico da Amaral D'Ávila Engenharia de Avaliações.Para ele, a Lapa está "trocando de pele". A roupagem industrial e com grandes galpões, misturada às casas construídas na primeira metade do século passado, dá lugar a grandes prédios residenciais.
"A cidade está crescendo nessa direção. Na zona oeste, Higienópolis se esgotou, depois Perdizes e Pompeia. Agora é a hora da Lapa e da Vila Leopoldina", diz Dagan.
Ele conta que a maioria dos empreendimentos na Lapa tem como foco os jovens (solteiros, divorciados ou recém-casados).
"Estávamos estudando um lançamento sofisticado na Lapa, com apartamentos de 80 metros quadrados e quadra de tênis. Mas começamos a aprofundar as pesquisas de mercado e ficamos em dúvida se venderia. Na última hora decidimos lançar unidades menores, de 60 metros quadrados, com um padrão mais acessível e vendemos muito bem", afirma.
Para Ricardo Gonçalves, coordenador do curso de pós-graduação em negócios imobiliários da Faap (Fundação Armando Álvares Penteado), a maior desvantagem do distrito é a acessibilidade.
MOBILIDADE
"A rua Guaicurus tem um tráfego muito pesado. Faltam estações de metrô para a população. Em termos de mobilidade, Perdizes ganha da Lapa", diz Gonçalves. Por outro lado, é uma região com boa oferta de escolas, hospitais e comércio.
O engenheiro químico Gelson Roberto Mendonça, 60, mora na região há 13 anos e reclama do processo de verticalização da Lapa.
"Não temos como evitar a chegada de novos prédios. Mas espero apenas que haja planejamento urbanístico, para que o bairro não perca autenticidade", observa Mendonça.
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