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ZONEAMENTO
Lei aprovada no último dia 2 proíbe comércio no bairro; lançamentos de casas dobraram em 2003, e preços sobem
Parque dos Príncipes vira só residencial
EDSON VALENTE
FREE-LANCE PARA A FOLHA
As casas vão reinar absolutas no
Parque dos Príncipes. A nova Lei
de Zoneamento, aprovada pela
Câmara Municipal de São Paulo
no último dia 2 de julho, define
que a parcela paulistana do bairro
passa a ser uma ZER (Zona Estritamente Residencial) -a de
Osasco já tinha caracterização
igual. Conseqüência: o mercado
imobiliário local está aquecido.
Especialistas dizem que, com o
novo zoneamento, deverá crescer
a movimentação de incorporadores na região. "Trata-se de um dos
eixos que têm futuro na cidade
para a classe média. Vai ser muito
mais ocupado daqui para a frente", prevê Luiz Carlos Costa, 68,
professor de planejamento urbano da FAU-USP (Faculdade de
Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo).
Morar ali, contudo, sai mais caro hoje do que há quatro anos.
Números da Amaral d'Avila Engenharia de Avaliações mostram
que, em 2000, o preço médio das
casas lançadas era de R$ 108,3 mil.
Em 2001, saltou para R$ 201,6 mil
e atingiu o pico de R$ 299 mil em
2002, para retornar ao patamar
dos R$ 201,1 mil em 2003.
Lançamentos
Os novos condomínios de casas
na região vêm aumentando, de
acordo com a consultoria. De
apenas 1, em 2000, passaram a 2,
em 2001, 2, em 2002, e 4, em 2003,
totalizando 170 unidades em um
período de quatro anos.
E o crescimento não deve parar
por aí. "Temos ainda 50.000 m2 de
área para desenvolvimento no
bairro", contabiliza Renato Marques de Godoi, 30, diretor comercial da Godoi Construtora.
Em dezembro do ano passado, a
empresa lançou o Casa de Bragança, cujas unidades -com
quatro dormitórios, área útil de
170 m2 a 210 m2 e preços de R$ 350
mil a R$ 450 mil- foram todas
negociadas em 60 dias.
Em maio foi a vez do São Paulo
Hills, da mesma construtora, com
27 casas de quatro suítes, de
400 m2 a 500 m2 e custo entre
R$ 500 mil e R$ 900 mil. "Já vendemos 80% delas", calcula Godoi.
O status de zona estritamente
residencial já vinha sendo pleiteado pelos moradores. "Estamos
acertando uma situação divergente, que causava problemas para quem construía ali", define
Carlos Alberto da Silva Vieira, 58,
subprefeito do Butantã (distrito
em que se localiza o Parque).
Para a prefeitura, segundo a lei
antiga (de 1972), o bairro ocupava
uma Z2 (mista). "Quem tentava
montar um comércio não conseguia, porque a comunidade entrava com uma ação invocando a
matriz da escritura original do
terreno, que o qualifica como estritamente residencial", afirma.
"Agora o bairro será mais procurado, porque muita gente tem
medo de comprar um imóvel numa Z2 e no dia seguinte deparar-se com um estabelecimento comercial como vizinho", diz Ronaldo Souza, 48, presidente da Associação dos Proprietários do Residencial Parque dos Príncipes.
Mas a ocupação precisa ser bem
planejada, alerta o urbanista da
FAU-USP. "É preciso aproveitar o
potencial que o bairro tem para
acolher novas instalações e residências prejudicando o mínimo
possível os aspectos paisagísticos
e ambientais, que são seu grande
atrativo. Ali existem encostas e
vegetação a serem preservadas."
O custo do sossego
Segurança e ambiente saudável
para os filhos foram os atrativos
que fizeram com que Raul de Souza Neto, 39, executivo da IBM,
trocasse um apartamento na Saúde (zona sul da capital) por uma
casa no Parque dos Príncipes.
"Moro num condomínio com
52 casas semelhante a uma vila inglesa", conta. "Há a sensação de
comunidade de interior, parece
que estou fora de São Paulo."
Mas a qualidade de vida tem seu
preço. Os moradores pagam uma
mensalidade de R$ 200 "para a segurança e a manutenção das áreas
verdes". O Parque dos Príncipes,
uma antiga fazenda da família
Matarazzo, é murado e tem só três
entradas, todas com guarita.
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