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Extras custam 8% do bem
Provisão para financiamento deve prever gastos com certidões, registro e transferência
Renato Stockler/Folha Imagem
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Luciana Kiss não se mudou para seu novo apartamento porque o dinheiro dos móveis foi consumido por despesas imprevistas |
EDSON VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Taxas de juros que caem,
oferta de crédito que aumenta.
Na empolgação de obter financiamento para comprar a casa
própria, é preciso abrir o olho
para que gastos "secundários"
não surpreendam o bolso com
um peso maior que o esperado.
Despesas como as de certidões, de ITBI (Imposto sobre
Transmissão de Bens Imóveis)
e com taxas administrativas cobradas pelos bancos devem entrar no planejamento inicial
para a aquisição do imóvel -o
orçamento costuma crescer,
em média, 8% (veja cálculos no
exemplo da tabela).
Na compra de um usado, a
lista de "gastos ordinários" começa com a avaliação do bem.
"Se há pedido de crédito para
um imóvel de R$ 200 mil, o
banco manda um perito para
checar se esse é realmente o
seu valor", explica Fernando
Fornícola, 31, diretor administrativo da Aabic (associação de
administradoras).
"Quem paga pela avaliação é
o mutuário, que desembolsa
cerca de R$ 300", calcula.
O caminho dos dispêndios
passa em seguida pela checagem do "nome limpo" do pretendente. "Quando entrega sua
documentação no banco, o solicitante gasta, em média, R$ 400
para obter a aprovação de seu
cadastro", pontua Fornícola.
As taxas administrativas,
previstas no contrato, podem
surpreender quem não ler com
atenção todas as cláusulas.
"Alguns bancos cobram até
uma taxa de risco de crédito",
observa Elaine Macedo Shioya,
25, consultora jurídica da Associação Nacional dos Mutuários.
"Como o imóvel hipotecado
já é garantia contra inadimplência, essa tarifa não deveria
existir. O mutuário pode pedir
que o banco a retire", orienta.
Certidões
A analista de pessoal Luciana
Kiss, 32, conta que financiou
um apartamento em janeiro
deste ano, mas ainda não pôde
se mudar. Motivo: despesas
inesperadas "comeram" o capital guardado para mobiliá-lo.
"Gastei muito com certidões,
pois seu prazo de validade é de
30 dias, e, como a construtora
do apartamento demorou muito para liberar outros documentos necessários para fechar
o contrato, eu tinha de tirá-las
de novo à medida que iam vencendo", relata.
Além disso, afirma, a demora
no processo fez com que a
construtora aumentasse o preço do apartamento, dizendo
que ele havia se valorizado.
Esse incremento, somado
aos R$ 30 "de certidão em certidão", fez com que o "imprevisto" batesse nos R$ 6.000,
contabiliza Kiss.
Antônio Malaquias, 48, gerente de crédito imobiliário do
Banco Mercantil do Brasil, reforça que "a documentação inicial pedida pelo banco é custeada pelo comprador".
Ela inclui certidões negativas
de débito e a matrícula atualizada do imóvel. "Há mutuário
que "enrola" 12 meses para assinar o contrato por conta do ITBI [imposto de 2% sobre o preço do imóvel]", acrescenta.
A "via-crúcis" do bolso inclui
a escritura, que custa "de 1% a
2% do valor do bem", segundo
Carlos Eduardo Duarte Fleury,
47, superintendente-geral da
Abecip (Associação Brasileira
das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança).
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