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PLANO DIRETOR EM DEBATE
Degradado, distrito sofre com a presença de camelôs, catadores de papel e moradores de rua
Outorga onerosa prejudica Santa Cecília
DA REPORTAGEM LOCAL
O desafio do Plano Regional
Santa Cecília (zona central de São
Paulo) é driblar sua própria decadência. Até dezembro, os moradores discutem como quebrar o
ciclo vicioso da degradação.
Mas não vai ser fácil. Há a percepção de que a outorga onerosa
(dispositivo que permite construir acima do coeficiente básico
de aproveitamento dos terrenos
desde que seja paga uma taxa à
prefeitura), um dos principais
instrumentos do novo plano,
possa se transformar num obstáculo à recuperação do distrito.
"As novas regras do Plano Diretor devem reduzir os preços dos
terrenos em áreas degradadas por
não ser mais possível valorizá-los
sem o ônus da outorga financeira", afirma o consultor João Freire
D'Ávila, 44, da Amaral D'Ávila
Engenharia de Avaliações.
Para piorar, a Operação Urbana
Centro não trouxe muitos atrativos. "Não incentiva a ocupação,
embora tenha avançado na revitalização de pontos históricos",
afirma Regina Monteiro, do Movimento Defenda São Paulo.
O distrito foi beneficiado com a
revitalização do Teatro São Pedro
e da estação Júlio Prestes.
O empresário Fábio Ceridono
Fortes, 34, diretor comunitário do
Conseg (Conselho Comunitário
de Segurança) do distrito, explica
que outros prédios históricos já
estão sendo revitalizados, caso do
Santos Dumont, na alameda
Nothmann, que vai abrigar o
futuro Museu da Energia, e dos
casarões que estão sendo comprados pela seguradora Porto
Seguro, nas proximidades.
Conflitos
Flamínio Fichmann, 44, diretor
de planejamento da associação
Bairro Vivo, diz que discute com
a prefeitura a ocupação de edifícios. O objetivo, diz o urbanista,
é reverter a subutilização do centro da cidade que, segundo ele,
tem cerca de 20% das ligações de
energia elétrica inativas.
Na opinião de Fábio Fortes, do
Conseg, outro problema que o
Plano Regional deverá enfrentar é
o bolsão de camelôs no largo de
Santa Cecília. "O número é dez
vezes maior que o previsto, e há
conflitos entre eles, que chegam a
interferir nas missas", revela.
Outra "briga" do Conseg é com
os vendedores ambulantes nas
imediações da Santa Casa de Misericórdia, aponta seu presidente,
Fuad Sallum. "As pessoas são impedidas de passar pela calçada."
Mais complicada ainda é a situação do Elevado Costa e Silva.
"O Minhocão mostra a necessidade de fazer auditorias prévias sobre o impacto de cada grande
projeto", afirma Fichmann.
Preocupam ainda a avenida Rio
Branco e a praça Princesa Isabel.
Sallum afirma que os moradores também duelam com o número excessivo de depósitos clandestinos de ferro-velho -sem fiscalização e organização, eles explorariam os carroceiros do bairro.
Já os catadores de entulho
representam uma ameaça à se-
gurança dos moradores, uma vez
que são comuns focos de incêndio
em aparas de papel.
Fortes destaca ainda a presença
de moradores de rua na avenida
Amaral Gurgel. Neste caso,
a "bronca" é com os chamados
"sopeiros", formados, geralmente, por grupos religiosos, "que alimentam o ciclo de decadência
e miséria nessa região".
(NATHALIA BARBOZA)
Associações de moradores:
Alto da Boa Vista, 0/xx/11/4447-0917;
Bairro Vivo, 0/xx/11/259-1002;
Brooklin Velho, 0/xx/11/5096-4229;
Chácara Flora, 0/xx/11/5686-7856;
Conseg Santa Cecília (Fábio Fortes),
0/xx/11/9609-7094; Defenda São Paulo, 0/xx/11/5561-2920; Granja Julieta,
0/xx/11/5521-2333; Jd. Petrópolis e
dos Estados, 0/xx/11/5533-6607.
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