São Paulo, domingo, 05 de setembro de 2004

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VALOR DO PASSE

Destacar vantagens do bairro nas ofertas de transportes e de infra-estrutura facilita a venda do imóvel

Localização vence resistência à compra

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Quem pretende vender a casa vê o estádio como um impedimento. Mas, para driblar empecilhos como a falta de sossego, vale destacar o lado bom do entorno. Uma tática recomendada é mostrar as qualidades do bairro.
"O meu é um ponto de referência", afirma Luciana Herszkowicz, 21, relações-públicas, que mora perto do Pacaembu. "É perto de tudo -da marginal [Tietê], da [av.] Paulista, dos Jardins, do meu trabalho, em Perdizes, e da faculdade [ela estuda na Faap]. Consigo fazer várias coisas a pé."
Em um prédio a poucas quadras do Morumbi, a publicitária Suzana Barros, 34, diz que não quer sair da região. "É um lugar cal- mo e, ao mesmo tempo, tem comércio por perto", especifica. "Dias de jogos não me incomodam profundamente", conclui.
"O custo-benefício do Morumbi é maior que o de Moema ou do Campo Belo", diz Lineu Mattoso, gerente da Camargo Dias. "É uma região com muitas áreas verdes e bem servida de escolas."
Além disso, ressalta Mattoso, a desvalorização praticamente não afeta "os imóveis que têm vista do estádio, mas alternativas de acesso fácil por outras ruas".
Despreocupado com o valor de sua casa, o músico André Christovam, 46, que mora em uma pequena vila a 30 metros do Parque Antarctica, aprova a vizinhança. "O bairro é fantástico", avalia. "O único problema é o estádio, sobretudo pela segurança."
Outra maneira de valorizar o imóvel é reformá-lo. "Isso o torna atrativo", pondera Miguel Giacummo, gerente da Binswanger Brasil. "Na região do Pacaembu, há várias casas sendo reformadas e modernizadas."

Compra
Se, para quem vende o imóvel, a proximidade dos campos é um transtorno, os compradores vêem essa localização como uma boa oportunidade de negócio.
"É uma vantagem para os que pretendem pagar menos ou querem uma área maior, mas têm limitação de capital", acrescenta Sérgio Vieira, vice-presidente da imobiliária Coelho da Fonseca.
Também há os que escolhem onde vão morar em função da "casa" de seu time. É o caso do comerciante aposentado Nicolau Mancini Filho, 57. Palmeirense, ele conta que comprou um imóvel ao lado do Parque Antarctica como "presente de grego" para a mulher, corintiana, logo depois de se casarem, há 33 anos.
Ambos freqüentam o clube do Palmeiras e têm um papagaio que grita "gol", além de dois periquitos que assoviam o hino do clube. Mancini não vai ao estádio -devido à "violência das torcidas organizadas", passou a acompanhar os jogos pela televisão-, mas sua garagem abriga carros de ex-jogadores ilustres, como o centroavante César "Maluco", artilheiro da "Academia" -esquadrão alviverde da década de 70.
O designer gráfico Márcio Villar, 27, também gosta de morar perto dos gramados. Ele vive com os pais em uma casa a dois quarteirões do estádio do Morumbi.
Da sacada, ele vê parte da arquibancada e conta que vai a pé aos jogos. Mas ressalta que já testemunhou brigas de torcidas, "com tiros para o alto", na rua de baixo.
"Quando estou fora, tenho de me programar para chegar durante o jogo ou no mínimo uma hora depois, devido ao trânsito", relata. Uma saída, afirma, é buscar atalhos por dentro do bairro.
(EDSON VALENTE)


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