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BOOM
Região do Tatuapé é a segunda em crescimento em São Paulo; apartamentos são mais baratos que similares em áreas nobres
Luxo da zona sul custa menos na zona leste
Fernando Moraes/Folha Imagem
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Detalhe de conjuntos de prédios de alto padrão no Jardim Anália Franco |
EDSON VALENTE
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Direita, volver. Cercada e saturada em outras frentes, a cidade
de São Paulo canaliza seu movimento de expansão para a zona
leste e vê surgirem verdadeiros
oásis de alto padrão na região,
com apartamentos comparáveis
aos de bairros nobres como Morumbi, Higienópolis ou Moema
-só que com preços mais baixos.
O Tatuapé e suas cercanias, que
incluem o valorizado Jardim Anália Franco (no distrito de Vila Formosa), são o ponto culminante
desse crescimento. Números da
Embraesp (Empresa Brasileira de
Estudos de Patrimônio) não deixam dúvidas: o número de lançamentos residenciais no local tem
crescido nos últimos dois anos,
sendo que o total de área lançado
aumentou 79% entre 2001 e 2003.
"Foi a segunda região que mais
cresceu na capital, só perde para o
Morumbi", diz Luiz Paulo Pompéia, 50, diretor da Embraesp.
Já o preço do metro quadrado
de área útil atingiu R$ 2.140,20,
em média, no último ano, ainda abaixo da média
da cidade (R$ 2.628,79) e longe da
dos Jardins (R$ 4.504,80).
Outro núcleo de desenvolvimento é o Jardim Avelino, na Vila
Prudente, onde prevalece o alto
padrão. "A área é residencial, com
predominância de casas, mas
com grande expansão do número
de prédios", qualifica Sérgio Ferrador, 50, conselheiro do Secovi-SP (sindicato das imobiliárias).
Diversos fatores contribuem
para a valorização desses bairros
-a começar pelo espaço. "Existem muitos terrenos à venda, de
áreas grandes, diferentemente de
outras zonas muito adensadas",
explica Ferrador. "Na leste, há
muito o que crescer."
A infra-estrutura local é outra
vantagem. De acordo com João
Freire d'Avila Neto, 45, diretor
técnico da Amaral d'Avila Engenharia de Avaliações, o morador
do Tatuapé não precisa mais sair
de lá para fazer compras. "O bairro tem excelentes restaurantes e
comércio nobre."
O caminho aberto pela linha do
metrô foi logo seguido pelos
shopping centers. "Eles alimentam o desenvolvimento imobiliário", define o urbanista Alberto
Botti, 72. Hoje são três os grandes
na região: Anália Franco, Silvio
Romero Plaza e Metrô Tatuapé.
Este último ampliará suas instalações, com um investimento de
R$ 80 milhões na construção de
20.700 m2 de lojas e um teatro.
Status
Comprar um imóvel no Tatuapé, no Jardim Anália Franco ou
no Jardim Avelino virou um símbolo de status. "Migram para esses pólos pessoas de outros distritos da própria zona leste, como
Itaquera ou Guaianazes, que experimentam ascensão social", caracteriza D'Avila Neto.
Ou ainda quem busca melhorar
a qualidade do que possuía em
outros locais, caso do administrador Rogério Soares, 33, que morava no centro e se mudou para um
sobrado no Tatuapé. "Queria unir
a estrutura que tinha com um
perfil mais "de bairro". O metrô fica a 500 metros de casa."
Mas nem tudo melhorou: sua
rua costuma alagar com as chuvas, o que não ocorria no lar anterior, perto da praça da República.
Os antigos moradores do bairro
nem sempre vêem com bons
olhos a chegada dos "forasteiros"
e o ônus do progresso.
"Os bares da região tornaram-se uma coqueluche. Queremos o
sossego de volta", queixa-se Waldir Fratucci, 65, presidente da Sociedade Amigos do Tatuapé.
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