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VILA OLÍMPIA RENASCE
Associações dizem que obras, apesar de bem-intencionadas, não atacam o problema central do bairro
Vida noturna tira o sono dos moradores
DA REDAÇÃO
As obras na Vila Olímpia são
bem-intencionadas, mas não valorizam áreas residenciais nem
impedem o êxodo de habitantes
mais antigos, analisam os representantes das associações de bairro Amavo e Vila Olímpia Viva.
"A iniciativa do Movimento
Colméia é boa porque revitaliza
parte do bairro. Não ataca, contudo, o problema central, que é o excesso de barulho [causado pelo
trânsito e pelas casas noturnas]",
diz Eduardo Fidel, 44, da Amavo.
"As obras não vão segurar o
morador na região. Não adianta
ganhar calçadas bonitas e não
conseguir dormir à noite. Não há
valorização possível nesse cenário", corrobora Rosângela Giembinsky, 46, da Vila Olímpia Viva.
Apesar das críticas, as associações concordam que "não é papel
da ONG controlar o barulho".
"Depende da ação das pessoas e
da prefeitura. Mas o Psiu [Programa Silêncio Urbano, que fiscaliza
a emissão de ruídos em ambientes
fechados] é inoperante", diz Fidel.
O coordenador do Psiu, Rosano
Maieto, afirma que o programa é
"muito operante" na Vila Olímpia. "De todas as denúncias da capital, 11% estão no bairro. É o segundo maior índice, só abaixo do
da Sé [no centro, com 13%]."
A média de vistorias na região é
de 200/mês, mas, segundo Maieto, a sensação de que o programa
é "inoperante" ocorre por causa
de amarras legais. "Só podemos
fechar um estabelecimento depois de três vistorias com multa."
"Elitismo"
Do ponto de vista urbanístico, o
Instituto Pólis levanta outra questão. "Por que investir tanto dinheiro público na Vila Olímpia? A
renda média familiar no bairro é
quase o triplo da média da cidade.
Os investimentos públicos revertem em melhorias para um bairro
cujo padrão de vida é elevadíssimo", analisa Paula Santoro.
"Enquanto isso, projetos de interesse do município, como os de
habitações de interesse social, são
jogados para fora da área valorizada, para a extrema periferia."
A Secretaria do Planejamento e
a Emurb (Empresa Municipal de
Urbanização) contestam. Segundo os órgãos, o dinheiro usado
nas obras foi captado no setor privado, por meio da Operação Urbana Faria Lima, que prevê a troca de mais potencial construtivo
por contrapartidas em dinheiro.
A Emurb rechaça a hipótese de
que pretende remover pobres de
áreas ricas informando que está
construindo 480 moradias na
Chácara Jóquei Club para abrigar
moradores das favelas Real Parque e Jardim Coliseu, no Morumbi, zona oeste de São Paulo.
Bom exemplo
Outros especialistas vêem a
aliança entre a ONG Movimento
Colméia e o município como um
modelo a seguir. "O orçamento
da prefeitura está muito comprometido. A parceria vem da necessidade de melhorar o visual e a
qualidade de vida na região apesar da capacidade limitada do poder público", avalia o presidente
da Asbea (Associação Brasileira
dos Escritórios de Arquitetura),
Henrique Cambiaghi.
"Ninguém faz nada de graça,
mas existem avanços no humanismo dessas propostas. Enterrar
a fiação já é um sinal de maturidade. Mas oferecer parques, lazer e
prédios sem muros é o "X" da
questão", pondera o presidente
do IAB-SP (Instituto dos Arquitetos do Brasil), Paulo Sophia.
Do ponto de vista paisagístico, o
plano de plantar árvores como
pau-ferro, ipê amarelo, ipê rosa,
sibipiruna e aldrago na Vila Olímpia é aprovado pelo especialista
Raul Cânovas. "Não conheço bem
o projeto, a distância entre as árvores, as larguras das calçadas, a
situação das edificações próximas, mas as espécies me parecem
adequadas. São nativas e estão
mais do que testadas em São Paulo."
(RENATO ESSENFELDER)
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