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SÃO PAULO EM ZONAS - OESTE
Preço de apartamentos subiu em média 10% nos últimos cinco anos na região; um-dormitório teve maior queda e barateou 21%
Três-quartos bate recorde e valoriza 53%
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Dos acordes emitidos nos bares
da Vila Madalena noite adentro
ao som dos pássaros que embalam o amanhecer na Vila São
Francisco, a região oeste se adap-
ta a todos os estilos. Não é à
toa que foi a campeã em crescimento de lançamentos na cidade.
Mas a grande oferta de imóveis
não barateou os preços. O metro
quadrado útil encareceu 10%, em
média. O tipo de unidade mais
disponível na região foi o que
apresentou maior alta. Quem
comprou um três-quartos na zona oeste viu seu patrimônio valorizar-se 53% em cinco anos.
Segundo especialistas, o responsável pelo aumento dos preços na região é o próprio consumidor. "A movimentação de profissionais liberais bem-sucedidos
nos bares e restaurantes da zona
oeste é o fiel retrato da demanda
por imóveis aqui", compara o
corretor Verany Bicudo, 75, que
há 50 anos vende imóveis lá.
O grande número de novas empresas nas proximidades da avenida Nações Unidas também atrai
um público de melhor poder
aquisitivo para a região. "Trata-se
de um perfil diferente de jovem,
que quer constituir uma família."
O estilo é diferente do da zona
sul, diz Bicudo, onde jovens solteiros que ganharam muito dinheiro nas empresas "pontocom"
foram atendidos com produtos
de um dormitório, como lofts.
Futuro
Dependendo da regulamentação do novo Plano Diretor, a
ordem de zoneamento na zona
oeste pode mudar. Com isso, distritos como o Butantã ganharão
um limite vertical menor.
O resultado será terrenos mais
baratos, mas imóveis mais caros.
A aparente contradição tem motivo. Com a limitação de fazer menos unidades habitacionais em
um mesmo terreno, os incorporadores barganham e pagam menos
pela área. Em contrapartida, o número reduzido de apartamentos
-aliado à alta demanda- deve
pressionar os preços para o alto.
O consultor José Dutra Vieira
Sobrinho, 65, especializado em financiamento habitacional, observa que o período pesquisado pelo
Datafolha (1999-2003) coincide
com a diminuição de empréstimos bancários para a aquisição da
casa própria. "A grande oferta de
imóveis de três dormitórios é justamente para quem tem capital
guardado e não precisa recorrer
aos empréstimos bancários."
"Priorizar a população de melhor poder aquisitivo na região foi
o foco dos incorporadores nos últimos tempos", concorda o professor de economia da PUC-SP
(Pontifícia Universidade Católica
de São Paulo) José Nicolau Pompeu, 58. Na opinião dele, a região
atrai principalmente investidores.
"Quem tinha acesso aos empréstimos bancários ou dinheiro em
reserva buscou um imóvel na região. Houve muitos especuladores no período."(ELENITA FOGAÇA)
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