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CASA PRÓPRIA
Teto para imóvel de até R$ 62 mil cai de 80% para 50%; 83% dos R$ 2,05 bilhões deste ano já foram usados
CEF freia financiamento de "populares"
FREE-LANCE PARA A FOLHA
A casa caiu para quem pensava
em financiar a compra de um
imóvel com recursos do FGTS
(Fundo de Garantia por Tempo
de Serviço) neste ano. A CEF (Caixa Econômica Federal) anunciou,
no último dia 10, que a verba para
a principal linha de crédito que
usa o dinheiro do FGTS está quase esgotada, e novas solicitações
dificilmente serão atendidas.
Além de suspender a concessão
de novas cartas de crédito individual (para a compra de imóveis
no valor máximo de R$ 62 mil para usados e de R$ 80 mil para novos), a CEF já havia divulgado, em
setembro, a redução do teto de
80% para 50% no financiamento
de usados. A justificativa para as
medidas é evitar listas de espera
para a liberação dos recursos.
Segundo a CEF, o orçamento
destinado a essa modalidade de
financiamento aumentou 25%
em 2003, em relação a 2002, chegando a R$ 2,05 bilhões -e 83%
já foram usados.
Nos últimos três anos, o Conselho
Curador do FGTS -que se reúne
no dia 30- fez suplementações
orçamentárias para atender à demanda do último trimestre.
Reações
Mas as medidas já provocaram
reações diversas do mercado imobiliário. "Não foram de má-fé",
sustenta Celso Petrucci, 49, diretor do Secovi-SP (sindicato de
construtoras e imobiliárias). "Os
recursos [para financiamentos] já
haviam se esgotado em agosto, e
R$ 300 milhões foram transferidos. Acredito no bom senso de
um novo remanejamento", diz.
O presidente do Creci (conselho
de corretores), José Augusto Viana Neto, 52, pensa diferente. Para
ele, as medidas vão paralisar o
mercado. "Os argumentos são
frágeis: se houve esgotamento de
capital durante o ano, por que não
sinalizaram antes? Agora, as pessoas que estão em fase de coleta de
documentos para solicitar o financiamento estão atônitas."
"Houve falta de critério da
CEF", argumenta, citando a resolução de 16 de setembro, que autorizou a utilização de recursos de
contas vinculadas ao FGTS para
quitar até 80% de prestações em
atraso da casa própria. "Esses mutuários vão acabar atrasando os
pagamentos de novo no futuro. É
um contra-senso, provocará uma
sangria do dinheiro do FGTS."
Limitar em 50% o financiamento dos usados inviabiliza o acesso
de famílias com renda até R$
2.000 à casa própria, analisa o
Creci. "Só resta a elas continuar
pagando aluguel, já que não podem arcar com as taxas dos bancos privados", diz Viana Neto.
"Eles cobram, em média, TR mais
16% anuais, contra TR mais 12%
anuais da CEF", afirma Miguel de
Oliveira, 42, da Anefac (associação de executivos de finanças).
(EDSON VALENTE)
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