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ZONA SUL
Preço do metro quadrado aumentou 5% na região, em média; unidades com quatro quartos tiveram desvalorização recorde, de 8%
2-dormitórios tem valorização de 40%
EDSON VALENTE
FREE-LANCE PARA A FOLHA
O preço médio do metro quadrado na zona sul de São Paulo teve aumento real de 5% nos últimos cinco anos. Apesar de 57%
dos lançamentos terem sido de
três dormitórios ou mais, foram
os apartamentos de dois quartos,
menores, os que mais se valorizaram: 40%. Os de quatro, por sua
vez, apresentaram queda de 8%.
O que teria levado a esses opostos de variação? "Os dois-dormitórios se tornaram produtos supersofisticados", analisa João
Freire d'Ávila Neto, 46, diretor
técnico da Amaral d'Ávila Engenharia de Avaliações. Passaram
a ser, diz, produtos destinados para a classe média alta, como os
lofts para descasados. "E surgiram em bairros sedimentados e
mais badalados, como Moema."
Marco Parizotto, 39, vice-presidente de incorporação da Inpar,
empresa que mais lançou na região no período analisado, concorda. "Houve muitos empreendimentos caros, com um acabamento diferenciado, visando a
um público "single" com maior
poder aquisitivo. Isso "puxou" o
preço para cima. Não houve uma
simples valorização de 40%, mas
sim uma mudança do produto."
Além disso, Maurilio Scacchetti,
45, gerente comercial da Rossi
-terceira no ranking de maiores
incorporadoras, atrás da Cyrela-, aponta um aumento da demanda por esse tipo de imóvel,
"em decorrência de quem não
conseguiu adquirir um maior".
"E há, mesmo, mais tipos de
dois-dormitórios, com muitas alternativas de lazer e maior custo-benefício para o comprador."
Preço competitivo
Se, por um lado, os "pequenos"
da zona sul se incrementaram,
por outro, os "grandes" perderam
valor. E apareceu o que João
d'Ávila classifica como quatro-dormitórios "comercial".
"Há cerca de três anos, eles tinham sempre mais de 140 m2. Hoje existem os de 120 m2, os de 110
m2, os de 100 m2", explica. "Trata-se de um apartamento com área
útil característica dos de três dormitórios, mas que tem quatro e
um preço mais competitivo."
Para Douglas Duarte, 39, diretor
de vendas da Tecnisa, "o poder
aquisitivo achatado faz com que
as pessoas comprem empreendimentos em regiões mais baratas".
"Há dois anos, quem tinha renda de R$ 5.000, por exemplo, conseguia adquirir um imóvel que
hoje já não teria condições de
bancar", completa Maurilio Scacchetti, da Rossi.
Coberturas
Já no mercado de coberturas da
zona sul não existe crise. No período analisado, o número dessas
unidades nobres dobrou: surgiram 572. E, mesmo com esse incremento na oferta, seu preço médio ainda subiu 32%. Segundo o
estudo do Datafolha, a zona sul
concentra 37% do volume total
das 1.554 coberturas lançadas em
toda a cidade no período.
Foi ainda constatado um aumento de 68% no número total de
empreendimentos lançados com
cobertura na zona sul, percentual
abaixo do da cidade (109%). "Elas
respondem por um desejo de
compra", define Parizotto. "São
os primeiros imóveis a serem vendidos nos lançamentos."
Mas sua liquidez pode não ser
tão certa, diz d'Ávila. "É um produto tratado como jóia rara, porém tem condomínio dobrado e
alguns problemas construtivos.
Em média, sua velocidade de venda é inferior à do tipo de quatro
dormitórios", pondera.
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