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Mercado imobiliário já se prepara para que os moradores possam, à distância, de um celular ou de um palmtop, controlar seu imóvel
Feira abre as portas da casa futurista
BRUNA MARTINS FONTES
EDSON VALENTE
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Uma casa programada para satisfazer todas as necessidades dos
seus moradores, com atividades
controladas à distância, de um
celular ou de um palmtop, é um
cenário que está cada vez mais
perto dos olhos e longe da ilusão.
Acessar a internet pela rede elétrica, alimentar o cão à distância e
fazer aparelhos obedecerem à voz
do dono são algumas das idéias
que ganham corpo na feira Brasiltec, que começa no dia 29 e vai até
o dia 2 de agosto, em São Paulo.
Além de mostrar como funciona um lar automatizado e que facilita a vida de deficientes e de
quem trabalha em casa, a feira
terá um prédio programado para
ser erguido em três dias, equipado
com as mesmas tecnologias.
Em seu interior, haverá novidades como um loft que monitora a
saúde de moradores idosos e uma
agência bancária que reconhece
seus clientes pela íris, entre outros
aparatos.
Cifras polpudas
O "Prédio Inteligente" reúne
R$ 3,5 milhões de investimento
em tecnologia, segundo a Lemos
Britto, organizadora da feira. Na
vida real do mercado imobiliário,
equipar empreendimentos com o
máximo conforto e segurança
também requer cifras polpudas.
"No Brasil, equipamentos mais
sofisticados são encontrados apenas nos imóveis de alto padrão",
observa Alberto Du Plessis Filho,
43, vice-presidente de tecnologia
do Secovi-SP (sindicato do setor).
Um dos exemplos é o Brazilian
Art, da alagoana Cipesa.
Quanto mais projetos incluírem
essas tecnologias, maior será sua
aplicação, avalia Carlos Alberto
Mariotoni, 52, professor da faculdade de engenharia civil da Unicamp (Universidade Estadual de
Campinas). "As construtoras, para minimizar custos, não permitem que o valor gasto com elas ultrapasse 5% do total da obra."
Uma alternativa adotada no
mercado é disponibilizar infra-estrutura para abrigar esses equipamentos, que se tornam opcionais.
"Investir R$ 30 mil em tecnologia
em um apartamento de R$ 80 mil
não é viável", comenta Du Plessis.
Assim, os lançamentos de médio padrão já saem das pranchetas com nichos preparados para
receber cabeamento e evitar quebra-quebra na hora de instalar os
dispositivos tecnológicos.
Nacionais
Quem quiser povoar a casa com
engenhocas de última geração se
assustará com os preços, pois a
maior parte delas é importada.
Uma central controladora sofisticada, por exemplo, chega a custar
US$ 10 mil (cerca de R$ 28 mil).
A boa notícia para quem gosta
de fazer orçamentos em reais é o
aumento da presença de empresas brasileiras na feira. "A participação cresceu de 8% para cerca de
35% em relação à edição passada", calcula Andrea Lemos Britto,
31, diretora da Brasiltec.
Mas usar a automação para dar
um "upgrade" na casa não significa zerar a poupança. Um sistema
simples, que aciona e desliga automaticamente alguma tarefa, como acender as luzes do jardim ou
desligar a TV do quarto dos filhos,
custa a partir de US$ 70 (R$ 200).
"Com R$ 25 mil instalamos em
um sobrado de 150 mē um sistema
que controla a irrigação, o som, a
iluminação e a aspiração central",
conta José Roberto Muratori, 48,
presidente da Associação Brasileira de Automação Residencial.
Especialistas avaliam que o uso
de tecnologia avançada ganhará
impulso graças a restrições ambientais. "Custos com energia elétrica e água têm subido, e uma solução para economizar é controlar o uso desses recursos com
infra-estruturas "inteligentes'",
afirma Carlos Faggin, 55, diretor
técnico da Associação Brasileira
dos Escritórios de Arquitetura.
BRASILTEC 2003 - Onde: Expo Center
Norte (r. José Bernardo Pinto, 333, Vila
Guilherme, zona norte de São Paulo), tel.
0/xx/11/6222-2555. Quando: de 29 de
julho a 2 de agosto, das 16h às 22h.
Quanto: entrada gratuita.
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