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DIVERSIDADE
Nas zonas leste e norte há preferência por grandes cozinhas; moradores dos Jardins privilegiam "livings" amplos para receber amigos
Bairros "lançam" imóveis com a cara do comprador
EDSON VALENTE
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Dize-me onde moras e te direi
quem és. Dos que querem espaço
para abrigar festas modernosas
aos mais tradicionais, que não
trocam por nada um farto almoço
em família, a personalidade dos
moradores se reflete no perfil dos
imóveis em cada região da cidade.
Tanto que os bairros "se especializaram" em atender a demandas específicas do mercado. "Em
Santana e na Mooca, as pessoas
convivem mais na cozinha, não
usam uma sala de jantar", afirma
Odair Senra, 57, diretor da construtora e incorporadora Gafisa.
Os moradores dessas regiões
são apegados à vizinhança e dificilmente saem de lá para comprar
em outras localidades, lembra
Amarildo de Oliveira, 40, gerente
de relações comerciais da construtora e incorporadora Lider.
Por outro lado, áreas mais centrais, de densidade urbana maior,
como os Jardins, reúnem pessoas
mais pragmáticas. "Querem desfrutar do "home theater" ou receber amigos", define Bernd Rieger,
63, auditor de investimentos imobiliários. "É um tipo de Nova
York, em que as pessoas desejam
espaço de convívio e o maior "living" possível. Pela cozinha, passam depressa, só para comer."
Em suma, a escolha do imóvel é
influenciada pela formação sociocultural do comprador. "Quem
vem do interior ou de outros Estados e valoriza a família busca cozinha ou sala de almoço ampla e iluminada, que favoreça o convívio",
observa o auditor.
Quando o estilo de vida muda,
as pessoas geralmente migram
para outro bairro mais compatível, de acordo com Frederico
Bonnard, 50, diretor da construtora e incorporadora Brascan.
"A Vila Madalena (zona oeste),
por exemplo, atrai um públi-
co mais jovem, que, quando constitui família, muda-se para Moema (zona sul)", exemplifica.
Sala ampla
Mesmo alheios às teorias, os
consumidores comprovam sua
lógica na prática. A atriz Luciana
Azevedo, 35, conta ter visitado 80
imóveis em quatro meses para escolher o apartamento de seus sonhos. Acabou comprando um
nos Jardins, com sala grande, no
prédio em que mora a mãe dela.
"Vivo na região desde pequena,
não queria me mudar dali", relata.
"Quando vi o imóvel, a amplitude
da sala me empolgou. Fiquei com
ele na cabeça o tempo todo."
Só há um problema -o chamativo cômodo ainda não foi decorado. "Não quero comprar qualquer móvel", explica a atriz.
Mas os incorporadores nem
sempre conseguem atender às variações geográficas de demanda.
"Sempre pesquisamos antes de
lançar um empreendimento, mas
não dá para variar muito os projetos, pois o que manda mesmo é o
tamanho do bolso do comprador", pondera Senra, da Gafisa.
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