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LOCAÇÃO
Quem chega de outro Estado ou país tem opções dispendiosas, como o seguro-fiança e o título de capitalização
Falta de fiador deixa forasteiros sem teto
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Alugar um imóvel em São Paulo implica uma dificuldade extra
para quem chega de outro Estado
ou até país: a de encontrar um fiador, o que se agrava pela
resistência do mercado a opções
alternativas, como o seguro-fiança e o título de capitalização.
A lei do inquilinato prevê três
possibilidades para a garantia
de aluguel: caução -em dinheiro, limitada a três mensalidades-, fiança ou seguro-fiança. E
só uma delas pode ser exigida.
"Em primeiro lugar o locador
pede a fiança, devido à tradição",
diz Flávio Gonzaga, 53, responsável pelo direito imobiliário da Machado, Meyer, Sendacz e Opice
Advogados. "Sua segunda opção,
geralmente, é uma caução em dinheiro, mas essa provisão é problemática para o inquilino que
não tem condições financeiras."
Legalmente, o fiador não precisa morar ou possuir bens na mesma cidade em que é redigido o
contrato de locação. "Mas, pelas
dificuldades burocráticas que teria de enfrentar em caso de necessidade de mover uma ação, o locador exige que ele seja um residente local", explica Gonzaga.
Apesar do tradicionalismo, Sérgio Lembi, 46, vice-presidente de
locação do Secovi-SP (sindicato
da habitação), afirma que "o fiador está em extinção". "Ninguém
mais quer assumir os riscos", diz.
Para não depender de terceiros,
uma das opções é o seguro-fiança.
"Trata-se da grande tendência",
define Fabiano Neaime, 30, dono
da Quality Imóveis. "Mas é como
se fosse um 13º aluguel", ressalva.
"É uma alternativa melhor que a
do fiador, pois o proprietário recebe o dinheiro mais rapidamente em caso de inadimplência", comenta Hubert Gebara, 68, diretor
da Hubert Imóveis.
Já um título de capitalização requer um depósito. "As imobiliárias não aceitam menos que seis
aluguéis", diz José Florippes Lima, 62, diretor comercial da Sul
América Capitalização, que tem o
Super Fácil Garantia de Aluguel.
Quem não tem fiador ou capital
para garantia se vira como pode.
É o caso da estudante de música
Josie Guimarães dos Santos, 25.
Ela veio há três anos de Recife e
trouxe, além de um violoncelo, a
cadela Jackie. Mora em casas de
amigos. "Só no ano passado, me
mudei sete vezes. Nem tirava as
roupas da mala."
(EDSON VALENTE)
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