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PLANO DIRETOR EM DEBATE
Moradores temem alteração em área em processo de tombamento
Na Lapa, desejo é manter "status quo"
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Embora as discussões para o
Plano Regional estejam apenas
começando no distrito da Lapa,
na zona oeste da capital, os moradores já definiram o centro das
polêmicas: a região da City Lapa,
formada pelos valorizados bairros Alto da Lapa e Bela Aliança.
Os temores são de que o zoneamento estritamente residencial
(Z1) dessa área sofra alterações e
de que as restrições do loteamento (elaboradas pela Companhia
City, registradas na municipalidade em 1934 e cumpridas até agora) passem a ser desrespeitadas.
"A City Lapa está em processo
de tombamento. Seus jardins fazem parte da vegetação significativa de São Paulo. É um dos poucos locais onde ainda existe qualidade de vida. Uma mudança de
zoneamento agora só serviria para desfigurar a região", afirma Berenice Krucken Martins, 48, que
mora no distrito há 20 anos e integra a Assampalba (Associação de
Moradores pela Preservação do
Alto da Lapa e Bela Aliança).
Pelas restrições do loteador, só é
permitido construir edificações
de até dois andares na City Lapa.
"Se hoje, que é proibido, muitas
empresas desrespeitam a lei e tentam erguer prédios, imagine se a
lei permitisse. Passaríamos por
um processo de verticalização
imediato que causaria uma grande transformação no distrito", diz
a representante dos moradores,
que já acompanhou o embargo de
três edifícios nos últimos anos.
Um deles fica na rua Princesa
Leopoldina. A obra está parada
na sexta laje e foi invadida por
moradores de rua e sem-teto.
Ainda é cedo
Apesar de o receio dos moradores ter fundamento, na opinião do
arquiteto e urbanista Carlos Alberto de Azevedo Antunes, 50,
ainda é cedo para tanta preocupação. "Esta área residencial não deve sofrer grandes transformações
com o Plano Diretor por causa do
processo de tombamento", diz.
Procurada pela reportagem da
Folha para comentar o assunto, a
Subprefeitura da Lapa não respondeu às ligações.
Outra polêmica levantada pelos
moradores é o comércio irregular
na rua 12 de Outubro. Juntamente
com a poluição visual, esse tipo
de atividade é apontada como
agravante para a deterioração da
chamada Lapa de Baixo.
"A rua está cheia de camelôs e
ambulantes, mal conseguimos
chegar às lojas. E esse problema já
atinge as ruas adjacentes", avalia
o morador Geraldo Medaglia.
Mais uma polêmica diz respei-
to às mudanças que devem ocorrer nas proximidades da margi-
nal Tietê, mesmo que o atual
zoneamento seja mantido.
"A partir da conclusão do anel
viário, a tendência natural é que
os grandes galpões situados entre
a marginal Tietê e a estação de
trens dêem lugar a galpões menores, uma vez que as empresas não
precisarão mais de grandes
áreas", diz o consultor João Freire
D'Ávila, 44, da Amaral D'Ávila
Engenharia de Avaliações. Seria
preciso, então, discutir a ocupação da área e uma infra-estrutura
mais adequada a armazéns mais
modestos.
(MONICA FAVERO)
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