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São Paulo, domingo, 28 de setembro de 2003

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BANHO DE LOJA

Sem verba municipal, empresários se unem para custear reurbanização, orçada em R$ 1 milhão e R$ 4 milhões

Projeto patina na Amauri e na Oscar Freire

PATRÍCIA TRUDES DA VEIGA
EDITORA DE SUPLEMENTOS

EDSON VALENTE
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Depois da Vitório Fasano, que está de cara nova, pelo menos outras dez ruas de São Paulo -Amauri, da Consolação, do Gasômetro, João Cachoeira, José Paulino, Oriente, Oscar Freire, Santa Ifigênia, São Caetano e 25 de Março, além das avenidas Cásper Líbero e Guilherme Cotching- se mobilizam para viabilizar projetos de reurbanização.
A tendência, segundo a consultoria Amaral d'Ávila, é de que os imóveis localizados nesses corredores comerciais valorizem até 20%. Na rua João Cachoeira (Itaim Bibi, zona oeste), as obras no trecho entre as ruas Jesuíno Arruda e Leopoldo Couto de Magalhães Jr., estimadas em R$ 900 mil, começaram há cerca de um mês e acabam antes de dezembro.
Nela, os custos foram divididos entre a prefeitura (R$ 600 mil) e a associação de comerciantes (R$ 300 mil). Apesar de a fiação elétrica não ser embutida como na Vitório Fasano -segundo o presidente Felippe Naufel, 35, "não houve entendimento com a Eletropaulo"-, a rua receberá um "banho de loja", da calçada à iluminação, na tentativa de resgatar o consumidor dos shoppings.
Problemas à vista, alerta o urbanista Cândido Malta, 67, ex-secretário municipal de Planejamento (1976-1981) e presidente da Sociedade dos Amigos dos Jardins Europa, América, Paulista e Paulistano. "Essas ruas podem vir a sofrer com o excesso de veículos. Os planos precisam considerar esse aspecto e não o têm feito." Uma solução, diz, "é estrangular a entrada da rua, alargando calçadas".
No distrito ao lado, Pinheiros, a rua Amauri (Jardim Europa) acaba de finalizar seu estudo de reurbanização, estimado em R$ 1 milhão e encabeçado pela incorporadora JHS F, pela empresa Votorantim e pelos empresários João Paulo Diniz e Rogério Fasano. A expectativa é de que o metro quadrado, em 2004, salte dos atuais R$ 10 mil para R$ 12 mil, diz Fabio Auriemo, diretor da JHS F.
Com início previsto para março de 2004, até agora, no entanto, a reforma da rua Amauri não consta da programação municipal de intervenções. "As concessionárias têm tido má vontade", queixa-se Auriemo. "Nossa prioridade é o atendimento a áreas carentes. Não há orçamento para projetos de embelezamento", justifica Cyro Boccuzzi, 43, vice-presidente técnico da Eletropaulo.
Para o presidente da Sociedade Amigos do Itaim Bibi, Marco Castello Branco, 50, a questão emergencial da rua Amauri não é estética, mas, sim, relacionada ao movimento dos 12 restaurantes. "Os frequentadores largam os carros no meio da rua, e os manobristas dirigem em alta velocidade", diz.
Embora a reurbanização de ruas comerciais seja uma parceria entre prefeitura e associações de comerciantes dos bairros (a primeira investe, em média, R$ 250 por metro linear para reformar redes elétricas, recapear ruas e escoar água, e as outras intervêm em calçadas e fachadas), nem todos os projetos têm verba pública.
"Se é muito sofisticado, não temos como financiar", diz Mauro Scazufca, 44, coordenador da Comirc (Comissão de Implementação das Ruas Comerciais). Foi o que entravou a reurbanização da rua Oscar Freire (Cerqueira César, distrito de Jardim Paulista), orçada em R$ 4 milhões. O projeto, encabeçado pelos donos das lojas Armani, Christian Dior e Zoomp, prevê retirada de postes, paisagismo e nivelamento do piso, além de manobristas em vez de vagas de zona azul.

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