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BANHO DE LOJA
Sem verba municipal, empresários se unem para custear reurbanização, orçada em R$ 1 milhão e R$ 4 milhões
Projeto patina na Amauri e na Oscar Freire
PATRÍCIA TRUDES DA VEIGA
EDITORA DE SUPLEMENTOS
EDSON VALENTE
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Depois da Vitório Fasano, que
está de cara nova, pelo menos outras dez ruas de São Paulo
-Amauri, da Consolação, do Gasômetro, João Cachoeira, José
Paulino, Oriente, Oscar Freire,
Santa Ifigênia, São Caetano e 25
de Março, além das avenidas Cásper Líbero e Guilherme Cotching- se mobilizam para viabilizar projetos de reurbanização.
A tendência, segundo a consultoria Amaral d'Ávila, é de que os
imóveis localizados nesses corredores comerciais valorizem até
20%. Na rua João Cachoeira
(Itaim Bibi, zona oeste), as obras
no trecho entre as ruas Jesuíno
Arruda e Leopoldo Couto de Magalhães Jr., estimadas em R$ 900
mil, começaram há cerca de um
mês e acabam antes de dezembro.
Nela, os custos foram divididos
entre a prefeitura (R$ 600 mil) e a
associação de comerciantes (R$
300 mil). Apesar de a fiação elétrica não ser embutida como na Vitório Fasano -segundo o presidente Felippe Naufel, 35, "não
houve entendimento com a Eletropaulo"-, a rua receberá um
"banho de loja", da calçada à iluminação, na tentativa de resgatar
o consumidor dos shoppings.
Problemas à vista, alerta o urbanista Cândido Malta, 67, ex-secretário municipal de Planejamento
(1976-1981) e presidente da Sociedade dos Amigos dos Jardins Europa, América, Paulista e Paulistano. "Essas ruas podem vir a sofrer com o excesso de veículos. Os
planos precisam considerar esse
aspecto e não o têm feito." Uma
solução, diz, "é estrangular a entrada da rua, alargando calçadas".
No distrito ao lado, Pinheiros, a
rua Amauri (Jardim Europa) acaba de finalizar seu estudo de reurbanização, estimado em R$ 1 milhão e encabeçado pela incorporadora JHS F, pela empresa Votorantim e pelos empresários João
Paulo Diniz e Rogério Fasano. A
expectativa é de que o metro quadrado, em 2004, salte dos atuais
R$ 10 mil para R$ 12 mil, diz Fabio
Auriemo, diretor da JHS F.
Com início previsto para março
de 2004, até agora, no entanto, a
reforma da rua Amauri não consta da programação municipal de
intervenções. "As concessionárias
têm tido má vontade", queixa-se
Auriemo. "Nossa prioridade é o
atendimento a áreas carentes.
Não há orçamento para projetos
de embelezamento", justifica
Cyro Boccuzzi, 43, vice-presidente técnico da Eletropaulo.
Para o presidente da Sociedade
Amigos do Itaim Bibi, Marco Castello Branco, 50, a questão emergencial da rua Amauri não é estética, mas, sim, relacionada ao movimento dos 12 restaurantes. "Os
frequentadores largam os carros
no meio da rua, e os manobristas
dirigem em alta velocidade", diz.
Embora a reurbanização de
ruas comerciais seja uma parceria
entre prefeitura e associações de
comerciantes dos bairros (a primeira investe, em média, R$ 250
por metro linear para reformar
redes elétricas, recapear ruas e escoar água, e as outras intervêm
em calçadas e fachadas), nem todos os projetos têm verba pública.
"Se é muito sofisticado, não temos como financiar", diz Mauro
Scazufca, 44, coordenador da Comirc (Comissão de Implementação das Ruas Comerciais). Foi o
que entravou a reurbanização da
rua Oscar Freire (Cerqueira César, distrito de Jardim Paulista),
orçada em R$ 4 milhões. O projeto, encabeçado pelos donos das
lojas Armani, Christian Dior e
Zoomp, prevê retirada de postes,
paisagismo e nivelamento do piso, além de manobristas em vez
de vagas de zona azul.
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