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GUIA DO FINANCIAMENTO
Ano deve bater recorde de empréstimos
RENATA DE GÁSPARI VALDEJÃO
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Para quem está pensando em financiar um imóvel, uma notícia
boa e outra ruim. Primeiro, a boa:
nunca houve tanto dinheiro em
caixa para empréstimos pelo SFH
(Sistema Financeiro da Habitação), e há quem aposte que 2004
será ano recorde na concessão
de financiamentos bancários.
"O sistema todo está com a carteira imobiliária aberta", afirma
Décio Tenerello, presidente da
Abecip (que reúne entidades de
crédito imobiliário e de poupança). De acordo com dados da associação, no ano passado foram
financiadas 36.446 unidades (investimento de R$ 2,2 bilhões),
contra 28.905 em 2002 (R$ 1,7
bilhão) -crescimento de 26%.
E o ritmo de alta permanece
acelerado em 2004. No primeiro
trimestre deste ano, o volume financiado alcançou 9.852 unidades, ou R$ 554 milhões, contra
6.817 unidades (R$ 397 milhões)
no mesmo período de 2003.
Nas projeções da Abecip, 2004
deve terminar com um crescimento de, no mínimo, 15% sobre
2003. Não deverá haver, no entanto, demanda suficiente para tamanha oferta, afirma Tenerello.
"As pessoas estão inseguras em
assumir dívidas de longo prazo."
Agora, a notícia ruim. Apesar da
oferta crescente, as dificuldades
para a obtenção de crédito não diminuíram. "Os bancos continuam muito criteriosos. O volume dos financiamentos [concedidos] vem até diminuindo", diz
Miguel de Oliveira, presidente
da Anefac (Associação Nacional
dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade).
A carteira de financiamentos
imobiliários com recursos livres
(do sistema hipotecário e do SFI
-Sistema Financeiro Imobiliário), que os bancos investem
como quiserem, teve queda
de 17,3% de março de 2002 a março de 2003 (de R$ 1,658 bilhão para R$ 1,372 bilhão), exemplifica.
"Apetite"
O número aponta redução do
"apetite" dos bancos pelo setor
imobiliário. Segundo Oliveira, os
bancos preferem financiamentos
mais curtos, que ofereçam menos
risco. Vale lembrar que a destinação de recursos para o SFH é obrigatória e independe da vontade
das instituições.
Luiz Paulo Pompéia, diretor da
consultoria Embraesp, concorda.
"O governo vem anunciando novas linhas de crédito, mas elas
nunca chegam à população."
Segundo ele, do total de transações imobiliárias realizadas pelo
mercado financeiro em 2001, 53%
foram com financiamento bancário. Em 2002, esse índice teve queda acentuada, para 27%. Em 2003
a oferta melhorou, mas, na avaliação do consultor, permaneceu
em um patamar baixo: 35%.
Simulação
Segundo especialistas, vale a pena suar um pouco mais para conseguir um financiamento bancário. Isso porque o SFH é considerado o sistema de financiamento
imobiliário menos oneroso.
A pedido da Folha, o professor
William Eid Júnior, do departamento de Finanças da FGV-Eaesp
(Escola de Administração de Empresas de São Paulo, da Fundação
Getulio Vargas), calculou a diferença entre comprar um imóvel
pelo SFH, financiado diretamente
com a incorporadora ou por meio
de consórcio, considerando juros
no patamar de 1% ao mês.
O SFH se confirmou como o
mais vantajoso. O consórcio apareceu em segundo lugar, e as incorporadoras como a pior opção
(confira as simulações completas
do professor João Domiraci Paccez, da FEA/USP -Faculdade de
Economia, Administração e Contabilidade-, nas págs. 3 e 4).
Para o também professor Roy
Martelanc, diretor da Fundação
Instituto de Administração (ligada à FEA/USP), existe uma tendência de o SFH continuar liderando as opções mais econômicas
do mercado. "A TR [que corrige
os contratos do sistema] está desvalorizada", analisa.
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