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ecologia
Câmeras e software monitoram espécies
PRESERVAÇÃO HIGH-TECH >> Projeto de reconhecimento de pingüins usa tecnologia para estudar animais de ilha africana
LISSA HARRIS
DA "TECHNOLOGY REVIEW"
Cientistas, para estudarem
uma colônia de pingüins raros
em uma ilha da África do Sul,
estão utilizando um complexo
software reconhecedor de figuras geométricas que identifica e
rastreia animais individualmente -um método que acreditam ser capaz de transformar
os trabalhos na área de conservação.
O software, desenvolvido originalmente para reconhecer
rostos humanos, tem evoluído
rapidamente nos últimos anos.
O Projeto de Reconhecimento
de Pingüins, conduzido pela
Universidade de Bristol, da Inglaterra, é o primeiro, em grande escala, a aplicar essa tecnologia para catalogar e monitorar uma população inteira de
animais em seu habitat natural.
A ilha de Robben abriga aproximadamente 20 mil pingüins
africanos, uma espécie ameaçada de extinção que sofreu uma
redução populacional de 90%
no último século. Os cientistas
de Bristol instalaram diversas
câmeras ao longo das rotas
mais usadas pelos pingüins.
O software captura os diferentes padrões de penas brancas e pretas, o que equivale às
impressões digitais das aves, e
usa esses padrões para identificar cada animal. Com o constante rastreamento, os cientistas poderão descobrir mais sobre quanto tempo os pingüins
vivem, com que freqüência estão se reproduzindo e em que
épocas do ano se mostram mais
vulneráveis.
"Há muitas pessoas trabalhando com visão computacional a fim de tentar identificar
objetos em imagens", disse o físico Peter Barham, um dos pesquisadores do projeto. Segundo
ele, o método pode ser usado no
monitoramento de qualquer
espécie que apresente padrões
visuais únicos. Muitos animais,
desde baleias jubarte até girafas, possuem distintos padrões
individuais de coloração.
As técnicas convencionais
para monitoramento de populações animais costumam ser
caras e complicadas, além de
causarem estresse nos indivíduos pesquisados. A maioria
desses estudos depende da captura e da marcação dos animais, ou do acompanhamento
para que cada indivíduo seja fotografado e catalogado manualmente em um banco de dados.
Esse projeto, sem esbarrar
nessas dificuldades, faz o mesmo e obtém dados melhores.
"Nós podemos descobrir as taxas mensais de sobrevivência
dos pingüins. Não anuais
-mensais", disse Barham. "Pode-se obter uma quantidade assustadora de informações."
Com o uso de uma extensa
coleção de fotografias de pingüins, Tilo Burghardt, cientista
computacional da Universidade de Bristol, ensinou o software a identificar um objeto com
forma de pingüim a partir do
desenho do tórax e da listra
presente ali, uma faixa preta de
formato característico.
Os pingüins são reconhecidos por seu padrão exclusivo de
marcas no tórax, cada uma das
quais é descrita no sistema por
meio da sua distância em relação a todas as outras.
Os componentes são bem
econômicos: câmeras de segurança comuns conectadas a
laptops que se comunicam por
meio de uma rede sem fio. Com
uma fonte de energia e uma conexão para transmitir os dados
a um servidor, pode-se operar o
sistema em campo com pouca
interferência humana.
Ciência e engenharia
Sophie Grange, da Universidade Wits, na África do Sul, que
pesquisa a biologia das zebras,
está otimista com a tecnologia
e, atualmente, trabalha com
Burghardt e sua equipe no desenvolvimento de um sistema
semelhante para empregá-lo
na sua área de pesquisa.
Burghardt acredita que as
pesquisas biológicas na área de
preservação estão prontas para
as inovações tecnológicas. "Demoramos muito para perceber
que a mesma tecnologia é capaz
de solucionar problemas aparentemente muito diferentes",
salientou. "Abrimos um novo
campo de cooperação entre a
ciência e a engenharia."
Tradução de FABIANO FLEURY DE SOUZA CAMPOS
PROGRAMA
UTILIZA
ALGORITMO
INTELIGENTE
Ao aumentar o seu
banco de dados, o
software se torna cada
vez mais eficiente. "O
padrão de um animal
pode ser codificado de
modo mais eficaz do
que o de um rosto
humano", explica Tilo
Burghardt, um dos
cientistas do projeto.
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