São Paulo, domingo, 01 de dezembro de 2002 |
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POR EDUARDO LOURENÇO
Conheci tarde o livro de Euclides. Por dever de
ofício, primeiro, por paradoxal sedução, depois.
Não creio que tenha verdadeira leitura para quem
não conheça o Brasil. Precisamente o Brasil que Euclides inventa escrevendo-o por paixão de geógrafo e
empenhamento jornalístico e político. Em todos os
sentidos, "Os Sertões" é um livro não só singular,
mas insólito. É como uma estátua da ilha de Páscoa
na paisagem, nem sequer literária, brasileira. Está
aquém e além da literatura. Certas descrições são célebres (o higrômetro). O todo, inóspito, abrupto, arcaico, tornou-se mítico. Eduardo Lourenço é um dos principais ensaístas portugueses e ganhador do Prêmio Camões de 1996. É autor de "A Nau de Ícaro" e "Mitologia da Saudade" (Companhia das Letras), entre outros. Texto Anterior: Por Marco Antonio Villa Próximo Texto: Por Katia Mattoso Índice |
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