São Paulo, domingo, 19 de maio de 2002 |
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+ poema CERTOS DESCRITOS Sérgio Medeiros - mal consigo ver: ouço: a areia úmida - o Atlântico: novo traço de comprido nele se vai, com pouco vento; o som molhado se arrasta, se debate nos ouvidos - nuvens descem juntas: ta:tu:ra:na branca sobre o morro: cabeça faminta ou sonolenta, corpo longo: e re-pou-sa-do - barrigas longas: perfuradas: se acumulando no céu: e roncando; ventre e vento: chuvinha: borrando, borrifando d'água a água descosturada na praia - do verde límpido: ao verde desmaiado desbotamento; + o que es/corre (+ o que se sol/ta: à superfície); + o que parece emergir (vindo escuro) patas, rastros: de repente brilhantes = milhares: (corpos zanzam) n'água: /// corpos desaparecidos ///: deixando marcados pés que correm: sem donos - - indo abaixo da linha azul longa - indo acima da linha azulona - (entre as linhas bem azuis): / / / África i - vapor melado espalhado no final de tarde se acumulando nas lentes escuras: crepúsculo do olho sob o sol Sérgio Medeiros é autor de "Mais ou Menos do Que Dois" (Iluminuras), professor de literatura na UFSC e tradutor. Texto Anterior: José Simão: Excepcionalmente hoje a coluna de José Simão não é publicada Índice |
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