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DIALÉTICA NEGATIVA
"Dialética Negativa" (1966) mescla o
exame de pressupostos metodológicos
com a análise do presente histórico. Trata-se ao mesmo tempo do ápice e da certidão de óbito do marxismo ocidental. A
crítica da filosofia tradicional efetiva-se
pela ampliação do conceito de "filosofia", procedimento típico dessa linhagem. Afasta-se desse movimento, porém,
ao se insurgir contra a primazia do método, tentando proceder "metodicamente sem método", e principalmente ao
considerar que a conversão do capitalismo em "mundo administrado" não permite mais conceber a sociedade, a totalidade, como um sujeito unitário.
Em sentido estrito, dialética negativa
designa a autoconsciência do cativeiro
categorial da subjetividade, a crítica da
deformação dos indivíduos pelo cativeiro social moldado pelo aparato da autoconservação. A reflexão "especulativa",
o trajeto pelos "desertos gelados da abstração", preservando a negatividade ante o existente, limpa o terreno para um
"pensamento de conteúdos". A metacrítica da teoria do conhecimento torna-se
assim crítica da sociedade. Um segundo
giro copernicano, a passagem para o
materialismo, pensa a dialética como
uma forma de expressar conceitualmente o não-idêntico, em ruptura com a filosofia da identidade que Adorno detecta
tanto no par antitético "positivismo-idealismo", como na pretensão em assentar a dialética nas ciências naturais
(Engels), ou na ação revolucionária do
proletariado (o jovem Lukács).
(RICARDO MUSSE)
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