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Copom diz que norteia decisões com foco na inflação de 2014
Avaliação interna dos diretores do BC é que há pouco a fazer para reduzir IPCA neste ano
Apesar de inflação ter superado o teto da meta em março, colegiado considera que não há descontrole
Os diretores do Banco Central já estão mirando a inflação de 2014. Esse é o horizonte que está norteando as decisões sobre alta dos juros.
A preocupação com as projeções para o índice oficial de preços (IPCA) no ano que vem foi explicitada na ata da mais recente reunião do comitê do BC que define a taxa de juros (Copom), divulgada ontem, antecipando o debate sobre a trajetória dos preços no ano eleitoral.
"O julgamento de todos os membros do Copom é convergente no que se refere à necessidade de uma ação de política monetária destinada a neutralizar riscos que se apresentam no cenário prospectivo para inflação, notadamente para o próximo ano", destaca o documento.
Normalmente, os diretores fazem referência às expectativas para a trajetória dos preços no ano seguinte somente na virada do primeiro para o segundo semestre do ano em curso.
Segundo a Folha apurou, a avaliação interna é que há muito pouco a fazer para reduzir o IPCA deste ano.
Apesar de o índice ter superado o teto da meta de 6,5% em março, o BC considera que a inflação de 2013 está controlada e fechará o ano abaixo desse limite.
Baseia essa tese nas projeções para a inflação mensal, que, daqui para a frente, deverão ficar abaixo do registrado ao longo de 2012.
A partir de maio, acredita-se que a inflação acumulada em 12 meses irá ceder, caindo para menos de 6% no fim do ano.
NOVO RUÍDO
O ponto fora da curva é junho, quando se espera que a inflação voltará a ser um ruído. A estimativa é que o IPCA tenha alta de 0,29% nesse mês, acima do nível excepcionalmente baixo registrado no mesmo período do ano passado (0,08%).
Dentro do governo, estima-se que a inflação ficará em torno de 5,5% no ano, podendo chegar aos 5,7%, previsto pelos analistas de mercado.
Esse patamar é visto como aceitável por estar abaixo dos 5,84% do ano passado e espera-se que dará certo alívio às pressões sobre o Banco Central.
Com a preocupação com 2014 já no radar do Copom, porém, o BC sinaliza que, apesar da queda esperada no indicador de preços para este ano, não há segurança de que essa trajetória se manterá.
Em entrevista ao Poder e Política, programa da Folha e do UOL, o ministro Fernando Pimentel (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) disse que o Brasil tem uma "inflação de base" entre 5% e 6%.
"Ela não supera isso, mas também dificilmente fica abaixo disso."
A afirmação está em linha com o que pregam outros colegas de ministério. Isso distancia cada vez mais o BC do desejo de levar o Brasil para um patamar menor de inflação, o que implicaria reduzir a meta oficial que irá vigorar na próxima gestão. (SHEILA D'AMORIM, VALDO CRUZ E GUSTAVO PATU)