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Produtividade da indústria se desacelera, mas salário avança
Importados e insumos mais caros limitam produção do setor
A produtividade da indústria brasileira despencou nos últimos anos, enquanto a remuneração paga aos trabalhadores do setor segue trajetória contrária.
"A indústria está menos competitiva, por produzir menos e pagar mais", afirma o economista da consultoria Tendências Rafael Bacciotti.
A produtividade indica quanto é produzido por hora de trabalho dos funcionários.
Levantamento da consultoria Tendências feito à pedido da Folha com dados do IBGE da indústria mostra que a produtividade do setor acumula leve alta de 0,2% em 12 meses até março, após ter atingido crescimento de 4,8% em janeiro de 2011 na mesma base de comparação.
Naquele ano, a indústria vivia um momento de recuperação, com a produção em alta --hoje, o setor patina.
Já o gasto da indústria com folha de pagamento por hora trabalhada está em crescimento. A alta chegou a 5,8% em março no acumulados dos últimos 12 meses.
"O mercado de trabalho continua aquecido, apesar de ter se desacelerado no último trimestre", diz Bacciotti.
Entre os motivos, está a competição por mão de obra entre setores, inclusive serviços, que tem crescido mais e demandado um número maior de trabalhadores.
"Para manter os funcionários, os salários são reajustados em um ritmo maior."
Ao mesmo tempo, a produção da indústria tem sido limitada por fatores como a competição com importados e insumos mais caros.
EMPREGO
O emprego na indústria apresentou queda de 1% no primeiro trimestre do ano ante o mesmo período de 2012, informou ontem o IBGE.
Trata-se do sexto trimestre consecutivo de resultados negativos, mas com uma ligeira redução no ritmo de queda frente ao registrado no último trimestre de 2012 (-1,2%).
O resultado ocorre diante de uma retração de 0,5% na produção industrial durante os três primeiros meses deste ano.
"O emprego está refletindo a dificuldade que a indústria tem enfrentado para aumentar a produção diante de um cenário externo desaquecido, o que demanda menos exportações, e o aumento da concorrência com os importados", afirma o economista do IBGE Fernando Abritta.