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Empréstimo de ações é opção de ganho com Bolsa em queda
Operação de aluguel de papéis tem movimentação recorde em abril
As operações de empréstimos de ações turbinaram os negócios na BM&FBovespa no mês passado.
Do volume recorde registrado no mercado no mês passado, R$ 181 bilhões, o aluguel de ações foi responsável por R$ 100,6 bilhões. O número foi recorde para a operação e 12,4% superior ao de março (R$ 89,4 bilhões).
Segundo analistas, o resultado ruim da Bolsa --o Ibovespa caiu 9,6% no ano-- levou ao aumento da demanda por essas operações, o que já vinha acontecendo nos últimos meses.
Isso porque o aluguel é uma espécie de empréstimo no qual quem aluga os papéis ganha com a queda deles.
Funciona assim: o dono das ações comunica a intenção de fazer a operação à corretora, que oferece os papéis e realiza um "casamento" com quem está interessado em alugá-los, o tomador.
Esse, por sua vez, aposta em uma baixa daqueles papéis, porque os vende e os recompra por um preço menor para devolvê-los ao doador, lucrando nessa operação.
O dono dos papéis recebe uma taxa combinada entre as partes no contrato de aluguel e definida pela oferta e demanda da ação.
Além disso, continua ganhando os dividendos. Ele perde apenas o direito a voto em caso de uma assembleia no período do aluguel.
"Com a baixa da Bolsa, você não aumenta sua posição. Então, você aluga suas ações e tem uma rentabilidade. E quem toma também aproveita esse movimento", afirma Luiz Matarazzo, da SLW Corretora.
"Como o saldo das operações aumentou e as taxas [pagas ao doador] subiram, talvez seja uma boa oportunidade para o investidor que está machucado recuperar um pouco da depreciação do ativo", diz Marcos Ramos, da Fator Corretora.
Para não haver riscos ao doador, são exigidas garantias ao tomador, caso as ações não sejam devolvidas no prazo contratado.
PERFIL
Segundo analistas, o perfil ideal de investidor para ser doador é aquele que tem objetivos de médio e longo prazo e, portanto, não pretende vender as ações --que poderão estar alugadas --no curto prazo.
Já o tomador precisa acompanhar com mais frequência o mercado para poder ganhar na operação.
"Isso faz com que a maior parte dos tomadores sejam fundos, assets' e instituições financeiras", diz o professor do Insper Alexandre Chaia.