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Ações para frear real foram pouco eficazes

Para especialistas, queda de 17% da moeda em 2012, após anos de alta, teria ocorrido sem intervenções do governo

Estudos analisam tanto atuações no mercado de câmbio quanto em relação a impostos sobre recursos externos

ÉRICA FRAGA DE SÃO PAULO

Medidas tomadas pelo governo para frear a valorização do real nos últimos anos surtiram pouco efeito, indicam estudos recentes.

Para os autores das pesquisas, a desvalorização de quase 17% da moeda brasileira em relação ao dólar em 2012 --depois de um longo período de apreciação-- teria ocorrido mesmo sem as intervenções do governo.

Pesquisadores têm analisado os resultados de intervenções diretas do Banco Central no mercado de câmbio e de controles de capitais, como impostos cobrados sobre fluxos de recursos trazidos de fora para o país.

As conclusões são de que as medidas não afetaram de forma significativa a tendência de valorização da moeda brasileira, que é citada com uma das causas de perda de competitividade da indústria.

Economistas do Insper analisaram o impacto imediato de intervenções superiores a US$ 100 milhões feitas pelo BC tanto no mercado à vista de câmbio quanto por meio de derivativos (os chamados "swaps cambiais") em dois intervalos: entre 1999 e 2003 e entre 2004 e 2012.

O segundo período concentrou um número maior de intervenções, principalmente de compra da moeda norte-americana, que tinham como objetivo desvalorizar o real em um momento de intensa entrada de recursos no país.

A pesquisa analisou 1.423 intervenções de compra e 78 de venda no mercado à vista entre 2004 e 2012. No mercado futuro, foram consideradas 132 operações de compra e 69 de venda.

"Não encontramos nesse período indicação relevante de que as intervenções tanto de venda quanto de compra tenham funcionado", diz Marcelo Moura, que escreveu o trabalho com Fátima Pereira e Guilherme Attuy.

Segundo Moura, embora não tenham causado grande impacto sobre a tendência da moeda, as intervenções da autoridade monetária no mercado futuro aumentaram a volatilidade da moeda.

EFEITO INDESEJÁVEL

O efeito de forte variação nas cotações é considerado indesejável porque aumenta a incerteza para empresas e investidores.

Pesquisa dos economistas Marcos Chamon e Márcio Garcia que analisaram o efeito de controles de capitais chegou a conclusão parecida à dos economistas do Insper:

"Não encontramos evidência de que cada controle adotado tenha conseguido mitigar de forma significativa a tendência de valorização", diz Garcia, professor de economia da PUC-Rio.

A maior parte dos controles adotados entre 2009 e 2011 foi retirada ou afrouxada no ano passado.

Chamon e Garcia investigam agora a hipótese de que, somadas, as medidas tomadas entre 2009 e 2011 tenham acabado contribuindo para a desvalorização do real ocorrida em 2012.

Mas ainda não encontraram evidências disso:

"Por enquanto, nossos modelos indicam que a desvalorização teria ocorrido mesmo sem os controles".

ALTA MAIOR

Apesar dessas conclusões, os autores concordam que existe a possibilidade de que, sem a atuação do BC, a apreciação do real tivesse sido ainda mais forte.

"Há momentos em que o BC precisa atuar, sem dúvida. Mas o excesso de intervenções parece reduzir sua eficácia", diz Moura.


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