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Brics perdem prestígio entre investidores estrangeiros
Polônia, Turquia, Colômbia, Peru, Filipinas e Indonésia ganham espaço
Brasileiros reconhecem entraves trabalhistas e burocráticos, mas dizem que respeito às regras é um destaque do país
"Onde estão as maiores oportunidades da América Latina?", era a pergunta de uma enquete feita entre 800 empresários presentes à Conferência Global de Private Equity, organizada pelo Banco Mundial, em Washington.
Metade votou nos países andinos, especialmente Colômbia, Peru e Chile; um pouco menos, no México. No Brasil, apenas sete.
O encontro anual que reúne fundos que compram participação de empresas, os private equities, é iniciativa do IFC (International Finance Corporation), braço financeiro do Banco Mundial.
O Brasil foi criticado em diversos painéis. Na palestra que abriu o evento, o indiano Ruchir Sharma, que dirige o departamento de "equities" em mercados emergentes do Morgan Stanley, afirmou que os Brics (Brasil, Rússia, Índia e China) estão "fracassando na liderança" e que "serão a grande decepção da década".
'VAI MAL'
"Quando um país chega à capa da [revista] "Economist", já sabemos que seu pico ficou para trás", disse o investidor. "Dá pra dividir a América Latina pelos Andes, à esquerda [a oeste] vai bem, à direita dos Andes vai mal."
"O boom dos commodities ficou para trás e o Brasil vai desacelerar, a Índia desperdiça todas as oportunidades, e a China, que tinha o crescimento de 8% ao ano como piso, agora o terá como teto."
Para Sharma, as estrelas emergentes da próxima década serão Polônia, Turquia, Colômbia, Peru, Chile, Filipinas e Indonésia.
Os brasileiros que participaram de um concorrido debate sobre América Latina sentiram-se como se estivessem "na defensiva o tempo todo", disse o diretor do fundo FIR, Marcus Regueira.
"Há riscos e dificuldades em qualquer emergente e as questões sobre nossas leis trabalhistas e nossa burocracia são pertinentes", explica. "Mas também há muito desconhecimento sobre o Brasil e nós somos incompetentes em vender bem o país."
"O Brasil é uma democracia, onde contratos são respeitados, temos uma cultura ocidental e o Brasil não é só commodities", afirmou.
Ricardo Propheta, do BRZ Investimentos, também disse que havia uma euforia "exagerada" em 2010 e 2011. "Agora os investidores estão conhecendo mais o Brasil e isso é positivo. Continuamos em um momento ascendente", declarou.
AMAZÔNIA
O IFC está por aprovar um investimento de capital de US$ 30 milhões no fundo The Amazon Private Equity, gerido pela BRZ Investimentos e focado em participações em empresas na região Norte do Brasil. O fundo, criado em março, tem como meta chegar a US$ 200 milhões. Não há um prazo para esse montante ser obtido.