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'PIBinho' vai se manter, dizem especialistas
Acadêmicos, empresários e economistas preveem que crescimento econômico fraco pode continuar até 2020
Para eles, maior inserção no comércio internacional e melhora da produtividade podem reverter esse quadro
"Precisamos de um Plano Real para a indústria e para o setor externoedmar bachaex-presidente do BNDES e um dos formuladores do Plano Real
A economia brasileira deixou para trás seu padrão de crescimento econômico mais elevado e tende a repetir uma série de "PIBinhos" até 2020, se não atacar problemas como maior inserção no comércio internacional, melhorar a produtividade --especialmente da indústria-- e reforçar a infraestrutura.
Tal diagnóstico foi extraído de palestras e entrevistas durante o Fórum Nacional, que acontece entre ontem e hoje no Rio de Janeiro, e reúne acadêmicos de diversas áreas, empresários e economistas. Além desses pontos, foram destacadas as reformas, com destaque para a política, e a necessidade de um salto de qualidade na administração pública.
Para o presidente do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial) e um dos controladores da Natura, Pedro Passos, o baixo crescimento dos anos recentes, a maior inflação e a alta do dólar minaram a confiança de empresários. Tais fatores, diz, já afetam o nível de atividade da indústria.
Já Edmar Bacha, ex-presidente do BNDES e um dos formuladores do Plano Real, diz que o país cresceu na esteira da "bonança externa", mas a boa fase se estancou quando a China entrou em desaceleração, o que fez cair os preços de commodities --muitas delas responsáveis por grande parte das exportações brasileiras, como soja, milho e minério de ferro.
"Precisamos de um Plano Real para a indústria e para o setor externo", afirma. Tal plano passa por elevar a penetração do país no mercado externo, com mais exportações e importações.
Bacha diz que nenhuma outra grande economia do mundo tem tão pouco entrada em exportações. O Brasil é o sétimo maior PIB do mundo, mas está apenas em 25º lugar no ranking dos maiores exportadores. Sem reformas e uma maior inserção global, acrescenta, o Brasil manterá um crescimento do PIB em torno de 2% até 2020.
REFORMA POLÍTICA
O ex-ministro do Planejamento João Paulo dos Reis Veloso, organizador do fórum, diz que a primeira reforma e a mais urgente é a política. "É o maior problema do país."
Para o economista, a reforma tem de culminar com cinco ou seis partidos "fortes", com "representatividade e autonomia". "Ou seja, não atrelados ao Poder Executivo." Todas as agremiações, afirma, devem ser "corresponsáveis pelo ajuste fiscal permanente, pela agenda de reformas e pelo desenvolvimento econômico e social."
Segundo Reis Veloso, "é preciso evitar as lições que boa parte das lideranças políticas está dando ao povo, como a falta de ética".
Por fim, o economista alertou para o problema do gasto público, com baixo nível de investimento --6% do total-- e muitas despesas para sustentar a máquina do governo.
Já o vice-presidente do BNDES, Wagner Bittencourt, ressaltou a necessidade de ampliar ainda mais os investimentos em infraestrutura, área na qual o banco já tem papel de destaque.
A carteira atual da instituição financeira para o setor é de R$ 273 bilhões em projetos (em consulta, análise, aprovados ou já contratados), que vão gerar, no futuro, financiamentos estimados (se todos saírem do papel) de R$ 160 bilhões.