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Entrevista Bruce Kasman
Favorita ao Fed é a mais qualificada para este momento
Economista elogia possível escolha de Janet Yellen para suceder Bernanke no comando do BC americano
Para ele, mudança na diretriz para o corte de estímulos foi pouco usual e pegou os mercados de surpresa
Após anunciar a manutenção de seu programa mensal de compra de títulos, em uma decisão que pegou os mercados de surpresa e gerou questionamentos sobre a qualidade de sua comunicação, o banco central americano não tem motivos para sentir que cometeu algum erro, de acordo com Bruce Kasman.
Para o economista-chefe do JPMorgan, ainda que o Fed tivesse sinalizado sua inclinação com uma antecedência de seis a oitos semanas, os mercados, provavelmente, teriam se movido em um caminho similar.
Kasman, entretanto, ressalva que comunicação forte e clara são ativos valiosos para bancos centrais.
Para ele, a atual vice-presidente do Fed, Janet Yellen permanece como a favorita para suceder Ben Bernanke.
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Folha - A última decisão do Fed foi um tipo de mea culpa [pelo efeito que a sinalização do banco de reduzir as compras causou nas taxas de longo prazo, na valorização do dólar e na tensão nos países emergentes com a saída de capitais]?
Bruce C. Kasman - Não acho que eles devam se sentir envergonhados, que fizeram um erro. As coisas mudaram, e eles mudaram da posição que consideravam antes.
Mas houve erro de comunicação?
O Fed não nos guiou por um caminho tranquilo em direção a essa mudança e, em junho, ele nos guiou para o alvo de 7% [Bernanke havia dito que reduziria a compra de ativos quando a taxa de desemprego estivesse nesse patamar], mas deixou de usar esse limite de 7% como guia.
Isso foi um erro que fizeram de comunicação. Estamos falando de coisas pequenas, mas a mudança do Fed foi pouco usual e nos pegou de surpresa.
O Fed se prepara para a sucessão de seu presidente. Essa decisão de quarta passada colocou mais pressão no nome da Janet Yellen?
Não acho que a decisão tenha alguma pressão. Obviamente, vimos a Casa Branca tentando fazer avançar a candidatura de Lawrence Summers [ex-secretário do Tesouro que retirou seu nome da disputa recentemente]. E parece agora que eles estão se movendo na direção de Yellen. Eu não diria de forma alguma que já é um negócio fechado, mas me parece que agora ela é a escolha mais provável.
Yellen seria a primeira mulher a chefiar o Fed...
Ela é a pessoa mais qualificada para o trabalho neste momento. E acho que é sempre bom ter diversidade quando há justificativa. E há justificativa neste caso. Eles ainda não tomaram a decisão. Não sabemos quem vai assumir o posto. Ela se destacou não como sendo uma centrista, mas mais para o lado "dovish" [mais flexível em relação à inflação]. Se ela poderá se posicionar como uma líder eficiente deste ponto de partida, será o grande desafio que vai enfrentar.