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Penguin leva 45% da Companhia das Letras

Estimativa é que grupo britânico, que terá como sócias as famílias Moreira Salles e Schwarcz, tenha pago R$ 50 mi

Transação permite à editora brasileira avançar na criação de conteúdo digital para leitores eletrônicos

Apu Gomes/Folhapress
Loja da Livraria Cultura/Companhia das Letras no Conjunto Nacional (SP) com decoração de pinguins da editora britânica
Loja da Livraria Cultura/Companhia das Letras no Conjunto Nacional (SP) com decoração de pinguins da editora britânica

CAMILA FUSCO
FABIO VICTOR
DE SÃO PAULO

As editoras Companhia das Letras e Penguin anunciaram ontem em São Paulo que o grupo britânico adquiriu 45% da empresa brasileira.

Os valores não foram divulgados, mas a Folha apurou no mercado editorial que a estimativa é que a Penguin tenha pago R$ 50 milhões. Em 2010, a Companhia das Letras faturou R$ 70 milhões.

Será criada uma holding em que os antigos sócios da Companhia terão 55%. A família Schwarcz terá dois terços da parte brasileira da empresa, enquanto a Moreira Salles terá um terço.

Três sócios minoritários que juntos detinham 11% deixam de ter participação, mas continuam na diretoria.

Individualmente a Penguin será a principal acionista da Companhia das Letras, mas o dono da editora brasileira, Luiz Schwarcz, diz que na prática isso é "irrelevante".

"Posso garantir que o controle está totalmente em nossas mãos e ficará por um longo tempo. Não penso em me aposentar tão cedo", disse à Folha Schwarcz, 55.

O editor não quis responder se o contrato com a Penguin dá preferência aos estrangeiros para adquirir futuramente a participação de alguma das partes brasileiras.

Numa das últimas grandes aquisições de um grupo estrangeiro no mercado editorial brasileiro, o espanhol Prisa-Santillana comprou, em 2005, 75% da editora Objetiva por R$ 20,3 milhões.

A nova organização terá um conselho composto por três representantes da Companhia e dois da Penguin.

As duas empresas já mantinham parceria havia dois anos para a publicação de títulos clássicos no Brasil, sob o selo Penguin-Companhia.

Segundo John Makinson, presidente-executivo da Penguin, essa transação é a maior já feita pela editora britânica para livros de línguas que não a inglesa. O Brasil é o terceiro mercado emergente em que a empresa aposta, depois de China e Índia.

"A transação ajudará a Penguin a entender o comportamento de um mercado em crescimento como o Brasil, em que os livros em papel ainda são muito fortes."

Fundada em 1986, a Companhia das Letras integra o grupo das maiores editoras brasileiras do segmento de "obras gerais", excluindo didáticas, técnicas e religiosas.

Tem estrutura e catálogos mais enxutos do que os grupos brasileiros Record e Ediouro, por exemplo, mas é reconhecida por seu time de autores literários, do qual fazem parte Prêmios Nobel como Orhan Pamuk e J.M. Coetzee e autores como Jorge Luis Borges e Philip Roth.

Tem apostado de forma crescente em clássicos nacionais (adquiriu recentemente a obra de Drummond) e no segmento educacional.

A Companhia não faz livros didáticos, só vende obras de literatura adotadas por escolas e preparadas para o ensino. A editora não revela a parcela das vendas para o governo, mas é inferior a 50%. Mais da metade da receita vem do consumidor final.

DIGITAL

A Penguin pertence ao grupo Pearson, gigante mundial na área de livros didáticos que comprou em julho de 2010 o controle do SEB (Sistema Educacional Brasileiro) por R$ 888 milhões.

Os novos sócios afirmam já ter projetos de cursos e programas do ensino fundamental ao universitário.

A associação das duas empresas permitirá à Companhia da Letras avançar ainda na digitalização de conteúdo.

A Penguin é uma das principais editoras em ferramentas eletrônicas e uma das maiores parceiras da Amazon em conteúdo digital.

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