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Alta de gastos do governo no 1º trimestre é a maior sob Dilma
Economia feita no período para abater dívida caiu para R$ 13 bi
A expansão dos gastos do governo federal no primeiro trimestre deste ano eleitoral foi a maior para o período no mandato da presidente Dilma Rousseff.
Segundo dados divulgados ontem pelo Tesouro Nacional, as despesas somaram R$ 235,3 bilhões, o que significa uma alta de 8,8% sobre os primeiros três meses de 2013, já descontada a inflação.
A taxa é a mais elevada desde os 13,7% do início de 2010, ano da eleição de Dilma, segundo levantamento feito pela Folha.
Pesam mais nos desembolsos os programas da área social, especialmente aposentadorias, seguro-desemprego, benefícios sociais, saúde e educação.
Desta vez, os gastos também foram inflados por pagamentos que haviam sido atrasados para fechar as contas do ano passado.
Com a escalada de despesas, a poupança que o governo federal faz para o abatimento de sua dívida, chamada de superavit primário, caiu no trimestre: ficou em R$ 13 bilhões, bem abaixo dos R$ 20 bilhões do ano anterior.
Na tentativa de recuperar a credibilidade de sua política econômica, a administração petista prometeu um superavit de R$ 80,8 bilhões no ano para o governo federal, semelhante aos R$ 75 bilhões de 2013.
Mas os gastos crescem em velocidade superior à das receitas, cuja expansão foi de 4,5% no trimestre.
O superavit de março, de R$ 3,2 bilhões, superou o R$ 0,3 bilhão do ano passado; porém, ficou abaixo dos obtidos em 2011 e 2012.
E o resultado só foi obtido porque o Tesouro extraiu R$ 3 bilhões em dividendos --parcelas dos lucros-- de suas empresas estatais.
A estatal que pagou mais dividendos foi o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social), com R$ 1,9 bilhão no mês passado. Também colaboraram R$ 642 milhões vindos da CEF e R$ 457,4 milhões do Banco do Brasil.
ABAIXO DA META
Com o fraco desempenho federal, o superavit conjunto de União, Estados e municípios foi o mais baixo para um trimestre em quatro anos, de R$ 25,6 bilhões.
O resultado acumulado em 12 meses, de R$ 86,2 bilhões, está abaixo da meta fixada para o ano de poupar R$ 99 bilhões para o abatimento da dívida pública --e para ajudar no controle do consumo e da inflação.
Isso significa que, sem um aumento do ritmo de alta das receitas, o governo será obrigado a cortar despesas --ou recorrer novamente a manobras de contabilidade-- para cumprir o prometido.
Para Tulio Maciel, chefe do Departamento Econômico do Banco Central, "é factível o cumprimento da meta".
Tanto ele como o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, previram bons resultados para abril.
Segundo Augustin, a ajuda da declaração anual do Imposto de Renda das pessoas físicas permitirá um superavit "de dois dígitos" no mês. A meta do Tesouro para o primeiro quadrimestre é um saldo de R$ 28 bilhões.