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Dilma já aceita PIB fraco, mas não quer inflação alta

Presidente e Lula não querem disparada dos preços no período da eleição

Para ex-presidente, o que mais pesa na disputa eleitoral é a perda de poder de compra do consumidor

VALDO CRUZ DE BRASÍLIA

Em um cenário de crescimento da economia bem mais fraco que o previsto, o governo Dilma Rousseff até gostaria de dar um empurrão maior no ritmo da produção nacional, mas a ordem é dar prioridade ao controle da inflação abaixo de 6,5% neste ano.

Segundo a Folha apurou, Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva trataram, em reuniões recentes, do dilema atual enfrentado pelo governo: como lidar com um crescimento baixo num momento de inflação alta em ano de eleição presidencial.

A avaliação feita é que não há muito o que fazer para reverter a forte desaceleração da economia, mas é preciso ter cuidado extremo para que não aconteça o pior, uma nova subida da inflação.

Daí a decisão de abrir as portas para a entrada de capital estrangeiro de curto prazo no país, tomada na semana passada.

A medida frustra a indústria brasileira, que desejava um dólar valendo mais do que R$ 2,30, o que até poderia ajudar na retomada do crescimento econômico.

Mas está em linha com o desejo do governo de que a taxa de câmbio fique oscilando entre R$ 2,20 e R$ 2,30.

Isso contribui no combate à inflação por meio da concorrência dos produtos importados, que tendem a segurar aumentos de preços de itens nacionais.

Reservadamente, o governo já trabalha, no seu pior cenário, com uma taxa de crescimento do PIB neste ano de apenas 1%. No intermediário, ele cresce 1,5%, considerado neste momento o mais realista e próximo das previsões de analistas do mercado.

No cenário mais otimista, o PIB pode crescer perto de 2% neste ano. Mas sempre abaixo dos 2,5% de 2013. A equipe presidencial acredita, porém, que não haverá um quadro de recessão como apontam alguns economistas.

Nas palavras de um assessor presidencial, a economia vai ficar "andando de lado" neste ano, mas será o preço a ser pago para que a inflação mantenha sua tendência de queda nos próximos meses. Em maio, ela desacelerou, ficando em 0,46%, abaixo do 0,67% registrado em abril.

Lula tem dito à presidente que, na eleição, o que mais pesa é a inflação, e não o crescimento da economia.

Segundo ele, a população tem manifestado preocupações com a perda do poder de compra de seu salário, o que desgasta a candidata Dilma. No caso do PIB, mesmo muito baixo, a população tende a se conformar desde que seu emprego não corra risco.

Publicamente, o governo tem insistido que a inflação está sob controle e que ficará na meta. Na verdade, dentro da margem de tolerância de dois pontos percentuais acima do centro, que é de 4,5%.

INCERTEZA

Reservadamente, há um grande temor de que o cenário de incerteza do período eleitoral provoque pressões no mercado de câmbio, afetando a inflação.

Afinal, admitem assessores presidenciais, o governo está sem espaço para administrar qualquer novo choque na economia neste momento. O que torna praticamente impossível tomar grandes medidas para reativar a economia, o que teria impacto na inflação e levaria, com certeza, a um estouro da meta.

Isso acabaria dando mais munição para a oposição atacar a política econômica da presidente Dilma na campanha eleitoral. Segundo colocado nas pesquisas, o tucano Aécio Neves sempre alfineta a petista, dizendo que ela foi leniente com a inflação.


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