Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria
Celular na África avança e vira chance de negócio
Aparelho é principal meio de acesso a web
A pretensão africana de ser o "continente móvel" nunca esteve tão forte, com pesquisas apontando que o uso da internet na região por meio de aparelhos de telefone celular vai crescer 20 vezes nos próximos cinco anos --o dobro do ritmo de expansão do resto do mundo.
Na África, as pessoas usam o celular para atividades on-line que em outros lugares são resolvidas por meio de laptops ou PCs, como um modo de superar a infraestrutura deficiente ou não existente.
A queda no preço dos aparelhos e também dos pacotes de transmissão de dados, ao lado do aumento da velocidade da internet, possibilitou que serviços de transferência de dinheiro (junto com Facebook e Twitter) chegassem a áreas remotas.
"A África subsaariana está vivendo neste momento uma revolução digital móvel, com consumidores, redes e até empresas de mídia acordando para as possibilidades criadas pelas tecnologias 3G e 4G", afirmou Fredrik Jejdling, chefe da Ericsson para a região.
"Nós tínhamos notado o surgimento dessa tendência nos últimos anos, mas, de 12 meses para cá, o tráfego digital tem crescido acima de 100%, o que nos obrigou a revisar nossas previsões."
APARELHOS BARATOS
Em cinco anos, segundo pesquisas, o tráfego de voz na África subsaariana vai dobrar e haverá uma explosão em dados móveis, com o uso crescendo 20 vezes entre 2013 e 2019. Até o fim de ano, espera-se que existam 635 milhões de assinantes de celular na região, número que deve chegar a aproximadamente 930 milhões em 2019.
O crescimento é atribuído ao avanço das mídias sociais, aplicativos ricos em conteúdo e vídeos que podem ser acessados por smartphones que custam menos de £ 30 (cerca de R$ 110).
"O comércio por aparelhos móveis oferece oportunidades intermináveis para empreendedores. Nós descobrimos, por exemplo, que fazendeiros adoram usar o celular como meio de pagamento", disse Jejdling, da Ericsson.
INFRAESTRUTURA FRACA
Os aparelhos móveis têm tido um impacto ímpar na África porque o continente sofre com a falta de acesso confiável a eletricidade e com dificuldades para se conectar à internet em residências.
Segundo pesquisa, 70% dos usuários navegaram pela internet por meio de aparelhos móveis, ante 6% que usaram PCs.
Uma das vantagens para os consumidores é que eles puderam, por exemplo, usar o banco on-line, reduzindo a necessidade de viagens para ir a uma agência bancária.
Serviços como o aplicativo MedAfrica (que fornece informações básicas sobre saúde e medicina) também possibilitaram que as pessoas diminuíssem as viagens para visitar um médico.