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Presidente cobra Merkel sobre livre-comércio
Dilma quer maior envolvimento de chefes de Estado europeus em acordo UE-Mercosul
Na reunião que teve com a chanceler alemã, Angela Merkel, no domingo (15) à noite, a presidente Dilma foi muito mais "assertiva" sobre as negociações entre Mercosul e União Europeia do que demonstra a declaração protocolar de ambas à imprensa.
Segundo apurou a Folha, Dilma disse a Merkel ter informações de que França, Irlanda e Polônia são contra as negociações com o Mercosul, por causa da pressão do seu lobby agrícola.
A presidente brasileira afirmou ainda que os europeus precisam começar a discutir o assunto entre os chefes de Estado, se realmente quiserem trocar ofertas e levar a negociação adiante.
Os negociadores da UE têm cobrado insistentemente o Brasil para solucionar pendências com os sócios do Mercosul, principalmente a Argentina, mas se recusam a levar o assunto aos países-membros. Por enquanto, o acordo é tratado apenas pela Comissão Europeia (braço executivo da UE).
Conforme assessores próximos, o entendimento de Dilma é que essa atitude da Europa tem de mudar, porque o Mercosul não pode expor sua oferta sem garantia de que os europeus estão seriamente dispostos a negociar.
Técnicos do governo dizem que a oferta do Mercosul está praticamente pronta e deve chegar a 87% do universo de produtos --próxima da demanda da UE, de 90%.
Mas, para metade desses itens, prevê uma carência de sete anos para que as tarifas de importação comecem a cair gradualmente.
A carência é uma exigência argentina e não deve agradar aos europeus.
A cobrança de Dilma pegou Merkel de surpresa. De acordo com pessoas que acompanharam o encontro, ficou evidente que a chanceler alemã estava desinformada sobre o assunto, uma indicação de que o tema realmente ainda não chegou ao nível presidencial.
Merkel, no entanto, se comprometeu a se empenhar pelo acordo do Mercosul, porque a Alemanha é um dos países mais interessados. Na declaração à imprensa, disse que fará o máximo para garantir um final bem-sucedido para as negociações.
A chanceler fez uma escala em Brasília a caminho para a estreia da seleção alemã de futebol na Copa, que ocorreu nesta segunda-feira (16) em Salvador. A Alemanha goleou Portugal com placar de quatro a zero.