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Argentina busca ganhar tempo para renegociar dívida
Governo pede para que corte dos EUA suspenda decisão que obriga pagamento de credor que não quis acordo
Com a maior disposição de administração de negociar com credores, Bolsa local sobe 8,7%, maior alta em 5 anos
O governo argentino tenta ganhar tempo para negociar o pagamento de sua dívida com fundos de investimento.
Nesta segunda-feira (23), advogados pediram ao juiz americano Thomas Griesa para suspender a sentença que obriga o país a pagar, em 30 de junho, simultaneamente aos detentores de sua dívida renegociada e aqueles que ganharam, na semana passada, na Justiça dos EUA, o direito a receber o pagamento com valor integral.
O objetivo dos advogados não é discutir a decisão da Suprema Corte, mas sim tentar postergar a execução na Justiça e ganhar tempo para negociar com os fundos.
Com a maior disposição do governo argentino a negociar com os credores --demonstrada também pela presidente Cristina Kirchner em discurso na sexta-feira (20)-- a Bolsa argentina fechou em alta de 8,67% nesta segunda.
Com a maior valorização diária desde novembro de 2008, os investidores recuperaram as perdas da semana passada, quando a Bolsa argentina recuou 8,7%.
O ministro da Economia, Axel Kicillof, afirmou em um pronunciamento que "é essencial que o juiz dê essa medida para que a Argentina possa continuar pagando os detentores dos bônus reestruturados normalmente e levar adiante um diálogo que nós precisamos que seja em condições equitativas para 100% dos credores".
Os credores dessa parte da dívida são fundos que não aceitaram renegociar os valores em duas oportunidades que tiveram para isso (em 2005 e 2010). Juntos, eles têm cerca de US$ 15 bilhões em títulos, que representam cerca de 8% do total.
O país já afirmou que não consegue pagar tudo de uma vez, pois as reservas internacionais são de US$ 28 bilhões.
Se a suspensão for aprovada, a Argentina poderá pagar a parcela de seus credores que trocaram seus títulos em 2005 e 2010 no dia 30 de junho. Caso contrário, o dinheiro que o país depositar para essa parcela pode ser confiscado para pagar os fundos.
Há uma cláusula nesses títulos reestruturados que garante o direito a um tratamento igualitário caso alguma outra dívida consiga um melhor negócio. Trocando em miúdos: quem aceitou receber menos pode recuperar essa diferença caso aconteça uma renegociação mais vantajosa. Essa regra vale até o fim deste ano.
SETOR AUTOMOTIVO
Para tentar reanimar o mercado automobilístico do país, o governo argentino anunciou nesta segunda irá lançar um programa de financiamento para a compra de carros leves e pick-ups.
O programa irá reduzir o preço final dos veículos de 3% até 13%. O financiamento consiste em parcelamento em até 60 prestações.
Os carros que podem ser comprados com as linhas devem ser produzidos na Argentina. Ainda não está claro como a medida pode afetar as fábricas brasileiras. Mais de 80% das exportações de veículos leves do Brasil rumam para o país vizinho, mas elas caíram 38% até maio.