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Copa eleva gastos de estrangeiros no país e ajuda contas externas
Despesas de brasileiros no exterior também caem, mas deficit em turismo deve continuar
A Copa do Mundo deu uma ajuda, ainda que pequena, para as contas externas do Brasil neste ano. Segundo o Banco Central, os gastos de estrangeiros que visitam o país aumentaram em junho, o que significa mais dólares entrando na economia.
Ao mesmo tempo, os brasileiros reduziram suas viagens para o exterior.
A conta de viagens internacionais responde por cerca de 25% do deficit que o Brasil registra todos os anos nas suas transações de bens e serviços com outros países.
Neste mês, até o dia 18, os estrangeiros trouxeram US$ 365 milhões ao país. Para o BC, é possível projetar alta de 24% nessas receitas até o final do mês ante o mesmo período de 2013, quando elas somaram US$ 453 milhões.
A instituição também estima queda de 11% nos gastos de brasileiros no exterior, que somam US$ 1,1 bilhão no dado parcial do mês. Em junho de 2013, essas despesas foram de US$ 1,9 bilhão.
A diferença entre os dois números mostra que a Copa não será capaz de mudar um fato histórico: na conta de turismo, o Brasil sempre gasta mais do que recebe.
Para todo o ano de 2014, o BC espera um resultado negativo de US$ 18 bilhões, 2% a menos que em 2013. É mais dinheiro do que o país gastará neste ano com os juros da dívida externa (despesa líquida de US$ 14,4 bilhões).
O evento esportivo é visto pelo BC, entretanto, como um fator que pode ajudar a melhorar essa conta nos próximos anos. "A exposição do país neste período é um marketing considerável e que tende a influenciar positivamente as receitas de turismo futuramente", afirmou o chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel.
Os estrangeiros já gastaram antecipadamente, segundo o BC. As empresas aéreas brasileiras venderam 30% a mais em passagens para estrangeiros --foram US$ 223 milhões até maio.
EXPORTAÇÕES
O BC reduziu a projeção para as exportações brasileiras em 2014 de US$ 253 bilhões para US$ 245 bilhões. A previsão para o saldo comercial caiu de US$ 8 bilhões para US$ 5 bilhões. Até a semana passada, o Brasil registrava deficit de US$ 2,7 bilhões.
A instituição manteve em US$ 80 bilhões a previsão de deficit nas transações correntes para o ano. O valor corresponde a 3,5% do PIB, um pouco abaixo dos 3,6% de 2013.
Em maio, o deficit em conta-corrente somou US$ 6,6 bilhões, valor recorde para o ano. A estimativa para junho é de redução no deficit, para US$ 4,3 bilhões.