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Para Brasil, decisão para dívida argentina nos EUA é 'irracional'
Embaixador Antonio Patriota fez dura defesa do país vizinho em evento das Nações Unidas em Nova York
Ministro argentino diz que não houve resposta sobre pedido que adia pagamento a credores previsto para dia 30
O governo brasileiro fez uma dura defesa da Argentina na ONU, nesta quarta-feira (25), dizendo que é "irracional" a decisão da Justiça americana que obriga o país vizinho a pagar até o dia 30 os credores que não aceitaram renegociar a dívida.
Para o embaixador brasileiro na ONU, Antonio Patriota, as deliberações da Suprema Corte dos EUA e do juiz Thomas Griesa, responsável pela causa, são uma chancela legal a um "comportamento irresponsável, especulativo e moralmente questionável" dos fundos de investimento.
"O caso expõe a irracionalidade da decisão judicial em benefício de especuladores irresponsáveis", disse Patriota, que foi chanceler do governo Dilma Rousseff.
Segundo ele, é preciso acompanhar "com cuidado" os impactos da situação para a comunidade internacional.
As declarações foram feitas após a fala do ministro da Economia argentino, Axel Kicillof, em reunião do G77 (grupo de países em desenvolvimento) nas Nações Unidas, em Nova York.
Em 2005 e em 2010, a Argentina procurou os detentores dos títulos e ofereceu valores menores e novos prazos de pagamento.
A maioria deles ""donos de 92% dos papéis"" aceitou os termos, o que significava receber menos. No entanto, os que detinham 8% não concordaram com os termos propostos pelo governo.
De acordo com a decisão da Justiça dos EUA, o país tem que pagar US$ 1,3 bilhão aos credores que não aceitaram a reestruturação da dívida.
O pagamento deve ocorrer até 30 de junho, quando o governo precisa pagar mais uma parcela do débito para os credores que aceitaram a reestruturação.
Na segunda (23), o governo argentino pediu que o juiz suspenda a sentença, em uma tentativa de conseguir mais tempo para negociar com seus credores.
"Se até segunda [30], o juiz não estabelecer um guarda-chuva legal, a negociação será muito complexa", disse Kicillof, na ONU. "Estão empurrando o país a um calote."
APOIO GLOBAL
Kicillof, que passou cerca de 10 horas em Nova York, disse que não se reuniu na cidade com representantes dos credores nem com o mediador designado para o caso.
Segundo ele, o magistrado ainda não deu resposta sobre o pedido de suspensão da sentença. "O que conhecemos até agora é o silêncio. Pedimos um acordo justo e não tivemos resposta", afirmou.
Para pressionar o juiz, a Argentina diz que conseguiu o apoio do G77, que enviará uma carta a Griesa "solicitando que se conceda a possibilidade de negociações justas e equilibradas". "A maioria do mundo é solidária à Argentina", disse Kicillof, ressaltando que o grupo hoje é formado por 133 de todos os 193 países-membros da ONU.