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Brasil tem de corrigir rumo para manter sua nota, diz Moody's
Agência de avaliação de risco de crédito vê ciclo vicioso deteriorando economia do país
A agência de classificação de risco Moody's disse nesta quarta-feira (25) que a perspectiva da nota de crédito do Brasil depende do sucesso ou fracasso dos esforços do próximo governo em inverter as tendências econômicas negativas e elevar o crescimento para próximo do potencial.
O alerta da agência vem menos de quatro meses antes das eleições presidenciais de outubro, quando a presidente Dilma Rousseff disputará novo mandato, em uma eleição cada vez mais acirrada.
O Brasil é atualmente classificado pela Moody's como "Baa2" com perspectiva estável, o que significa que não é provável que seja rebaixado nos próximos 18 meses. Por essa nota --ou rating--, o país está no nível chamado de grau de investimento, em que estão os bons pagadores.
As notas de crédito atribuídas pelas agências de classificação de risco têm impacto sobre o custo da dívida de empresas e países. Quanto melhor a classificação, menor tende a ser o desembolso com os juros dos financiamentos.
Apesar das críticas aos erros das agências na crise econômica mundial, essas avaliações ainda servem de parâmetro para grande parte do mercado internacional.
A Moody's sugeriu que a perspectiva pode ser revisada negativamente se o país continuar enfrentando "declínio dos gastos com investimento, desaceleração do consumo e deterioração da confiança do investidor".
"A agência considera que as perspectivas de crescimento do Brasil estão presas em um ciclo vicioso, com as expectativas ruins dos consumidores e investidores levando a menos investimento e crescimento econômico, o que, por sua vez, alimenta um sentimento negativo adicional", avaliou a Moody's em seu comunicado.
Questões semelhantes levaram a Standard & Poor's a rebaixar a nota de crédito do Brasil em março.
Para a Moody's, o próximo governo terá o desafio de elaborar uma agenda de política econômica que incorpore mudanças significativas para lidar com as preocupações de investidores.