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Greve atrasa a divulgação de taxa de desemprego
Só foram compiladas 4 das 6 regiões metropolitanas pesquisadas pela PME
Em São Paulo, que corresponde a 40% da pesquisa mensal, o indicador ficou estável em maio, em 5,1%
A greve do IBGE impediu a divulgação completa dos dados de maio da PME (Pesquisa Mensal de Emprego). A coleta de dados foi afetada em duas das seis regiões metropolitanas pesquisadas: Salvador e Porto Alegre. Sem elas, não foi calculada a taxa média de desemprego.
Também foi afetada a coleta de dados para a Pnad Contínua, pesquisa nacional sobre mercado de trabalho de periodicidade trimestral.
Segundo a presidente do IBGE, Wasmália Bivar, a Pnad Contínua é mais afetada "porque é muito espalhada no território". O instituto diz que as principais falhas são na Paraíba e no Amapá, onde a adesão à greve é maior.
Wasmália diz que o IBGE vai remanejar funcionários para as regiões mais problemáticas.
Como a Pnad Contínua é trimestral, há mais tempo para recuperar entrevistas.
O problema, no entanto, é a memória do entrevistado.
"O informante diz se procurou trabalho ou não. O ideal é perguntar o que a pessoa fez na semana anterior. Quanto mais passa o tempo, maior a chance de ele esquecer", diz Cimar Azeredo Pereira, coordenador do IBGE.
PESQUISA MENSAL
No caso da PME, sem poder calcular a média das seis regiões pesquisadas, o IBGE divulgou os dados por área.
Em São Paulo, que responde por 40% da pesquisa, o percentual ficou praticamente estável em maio, em 5,1% --havia sido 5,2% em abril e 6,3% em maio de 2013.
Rafael Basccioti, economista da consultoria Tendência, disse que a não divulgação completa dos dados não era esperada e impossibilitou uma análise do rumo do mercado de trabalho em maio.
Já Elad Revi, da Spinelli Corretora, diz que o mercado trabalhava com a hipótese de adiamento parcial, pois a greve já dura um mês.
O IBGE vinha declarando que a greve era parcial e que não iria afetar as pesquisas.
Nesta quinta-feira, Bivar disse que é "improvável" que novos levantamentos tenham a divulgação prejudicada, pois a greve "perde força".
A presidente reiterou, porém, que só serão divulgados dados que passarem por "uma bateria de exames de qualidade", prática do instituto em todos os casos e que lhe confere "credibilidade", o seu maior valor.
No pico, a adesão à greve chegou a 25% na semana passada, segundo o IBGE. Nesta semana, está em 15%.
Já o sindicato dos funcionários diz que o movimento "só ganha adesão", mas não cita percentuais. As principais reivindicações são equiparação salarial com órgãos como BC e Ipea e contratações --o quadro efetivo caiu de 7,1 mil em 2004 para 5,9 mil em 2014. No nível médio, o salário-base do IBGE é R$ 3.160; no Ipea, no mesmo nível, é 69% maior.