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Cai transferência de dívidas entre bancos
Nova regra, que permite a instituição fazer contraproposta para não perder cliente, passou a vigorar há 2 meses
Desde maio, também não é mais possível ampliar prazo nem valor da dívida; queixas também diminuíram
Nos dois primeiros meses com as novas regras para transferência de dívidas entre bancos (a chamada portabilidade de crédito), houve queda no número de operações e de reclamações.
Segundo representantes do setor financeiro, a redução se deveu, principalmente, à ação dos bancos para segurar seus clientes.
A nova legislação facilitou a troca de um banco pelo outro, mas também deu às instituições a chance de fazer contrapropostas para não perder o negócio.
Segundo o BC, foram realizadas 13,6 mil operações de transferência em maio e 15,4 mil em junho. Na média, foram transferidos R$ 205 milhões por mês em dívidas de pessoas físicas e empresas.
Desde 2009, não se registravam números tão baixos. Nos últimos cinco anos, a média de operações foi de 35 mil ao mês, com transferências de cerca de R$ 400 milhões.
SEM PRAZO MAIOR
Outra explicação para a queda é que a legislação proibiu operações com aumento de prazo e de valor da dívida. Agora, só é possível mudar a taxa de juros.
O objetivo da restrição foi atender a reclamações dos clientes, que diziam que trocavam de banco para reduzir a prestação, mas não percebiam estar assumindo uma dívida maior.
As novas regras para a portabilidade facilitaram o processo para o consumidor, que não precisa mais ficar correndo de um banco para outro atrás de documentos.
Cabe à instituição que ofereceu juros menores ir atrás das informações.
O banco que pode perder o negócio para o concorrente também tem agora prazo para atender ao pedido: cinco dias úteis. Nesse mesmo período, pode apresentar uma contraproposta.
"Antes, não havia espaço de negociação com o cliente. Você recebia o pedido de transferência do banco que estava comprando a dívida e tinha de cumprir", disse Edmar Casalatina, diretor de empréstimos e financiamentos do Banco do Brasil.
Segundo o executivo, muitas vezes, o banco consegue mostrar ao cliente que não está fazendo um bom negócio ao aceitar a proposta de "pastinhas", profissionais que atuam fora das agências.
"Por indução de pastinhas, o cliente tinha a impressão de que estava fazendo um bom negócio, mas não estava."
Outra novidade da legislação foi a redução do custo de transferência de dívidas imobiliárias. Esse tipo de operação ainda foi residual nesse primeiro mês, segundo dados do setor financeiro.
A Caixa Econômica Federal, principal banco nessa área, informou que tem como diretriz reter "o máximo que for possível de clientes" que recebam propostas de outras instituições financeiras para portarem o seu crédito.