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'Abastados', gigantes globais seguram investimentos
Com US$ 4,5 tri em caixa, grandes empresas devem repetir 2013 e gastar menos, inclusive em países emergentes
A perspectiva de um aumento no investimento global por companhias dotadas de grandes reservas de caixa até agora não se materializou.
Ainda que as grandes companhias mundiais continuem a deter um nível recorde de reservas de caixa, da ordem de US$ 4,5 trilhões (cerca de 6% do PIB global) para as 2.000 maiores companhias em termos de investimento de capital em 2013, a probabilidade é que o investimento caia neste ano, de acordo com projeções da Standard & Poor's baseadas em números do primeiro semestre.
Essa queda viria se somar ao declínio de 1% em 2013.
"Havia muita esperança de que uma melhora clara no ciclo econômico deflagrasse um segundo estágio, no qual as empresas se sentiriam mais confortáveis e começariam a investir suas reservas de caixa", disse Gareth Williams, economista da Standard & Poor's em Londres.
"Por diversas razões, isso não vai acontecer, o que desperta questões sobre o vigor da recuperação este ano."
Os investimentos de capital pelas companhias de mercados emergentes, depois de cair em 4% em 2013 ante o ano anterior, agora parecem destinados a cair pela mesma proporção este ano.
"Talvez exista um processo maior de ajuste acontecendo nos mercados emergentes", afirmou Williams.
Companhias dos setores de commodities --que historicamente sempre mantiveram nível elevado de investimento de capital-- também estão apertando os cintos.
A S&P afirmou que cortes agressivos de investimentos de capital estavam sendo implementados por mineradoras como BHP Billiton, Vale e Rio Tinto e que há crescente evidência de paralisia nos investimentos de capital de companhias como Petrobras, Chevron, Gazprom e Total.
No início de 2014, o presidente-executivo da Royal Dutch Shell disse que os investimento de capital da empresa cairiam em até US$ 9 bilhões, para US$ 37 bilhões neste ano.
Ben van Beurden disse que o aperto de cintos seria caracterizado por "escolhas duras sobre novos projetos e redução no crescimento de investimentos".
A despeito das constatações, a S&P disse que havia algumas razões para sentir otimismo quanto a uma futura recuperação no investimento de capital, o que inclui a abundância de reservas de caixa em muitas empresas, os estoques envelhecidos de capital e a melhora da economia mundial.